Só pode pixar quem não é pixador: artifícios capitalistas de criminalização e capitalização no universo da pixação

Autores

  • Ana Karina de Carvalho Oliveira Universidade Federal de Minas Gerais
  • Angela Cristina Salgueiro Marques Universidade Federal de Minas Gerais

DOI:

https://doi.org/10.29146/eco-pos.v18i3.2498

Resumo

O presente trabalho tem como objetivo apresentar como a pixação, expressão que parece escapar a todas as estratégias e artifícios para seu controle, vem passando por um processo duplo: de um lado, o aumento do cerco que visa a combater a sua atuação na cidade, através da intensificação da criminalização; de outro, a apropriação artificial de sua estética singular por marcas que desejam alimentar um estilo de vida jovem, descontraído, urbano, por meio do consumo. A abordagem se inicia com uma discussão sobre o atual momento do capitalismo e o modo como ele atua na estetização da vida cotidiana. A partir daí, é apresentado como grafite e pixação, embora guardem a mesma origem, seguem, especialmente no Brasil, percursos muito distintos e intrinsecamente relacionados à sua assimilação estética. Com isso, chega-se aos exemplos das apropriações da estética da pixação pelas marcas Nike e Chilli Beans, observando-se, assim, que o que se busca eliminar são os pixadores e sua atuação descontrolada, e não a estética da pixação.

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Biografia do Autor

Ana Karina de Carvalho Oliveira, Universidade Federal de Minas Gerais

Doutoranda em Comunicação Social pela UFMG

Angela Cristina Salgueiro Marques, Universidade Federal de Minas Gerais

Professora do Departamento de Comunicação Social da UFMG (graduação e pós-graduação).

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Publicado

28-12-2015

Como Citar

de Carvalho Oliveira, A. K., & Salgueiro Marques, A. C. (2015). Só pode pixar quem não é pixador: artifícios capitalistas de criminalização e capitalização no universo da pixação. Revista Eco-Pós, 18(3), 126–137. https://doi.org/10.29146/eco-pos.v18i3.2498