O que se fala, o que se escreve

etnografia, deslocamentos epistêmicos e trabalho de campo em esports

Autores

DOI:

https://doi.org/10.29146/eco-ps.v27i3.28365

Palavras-chave:

Esports, etnografia, decolonialidade, metodologia, epistemologia

Resumo

Este artigo problematiza algumas experiências de pesquisa que atravessaram uma etnografia com 42 jogadores de um cenário comunitário de esport no Brasil. Examinando as transformações nas relações de saber-poder postas na condução daquele estudo, o trabalho explora o papel central desempenhado por deslocamentos epistêmico-metodológicos que demandaram pôr a pesquisa em movimento e discussões sobre uma etnografia feita decolonial. A partir de algumas experiências de campo que ilustram esses episódios, defende-se que essas vivências compartilhadas funcionaram como momentos formadores que, por essa razão, estimulam o trabalho de campo em esports como processo formativo e como encontro e diálogo (inter)epistêmico.

 

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Biografia do Autor

Tarcízio Macedo, Universidade Federal Fluminense (UFF)

Professor e pesquisador associado ao Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal Fluminense (PPGCom, UFF), em regime de pós-doutorado financiado pelo CNPq. Doutor em Comunicação e Informação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com período sanduíche na Universitat Autònoma de Barcelona (UAB, Espanha) e na Universitat de Vic - Universitat Central de Catalunya (UVic-UCC, Espanha). Mestre em Comunicação, Cultura e Amazônia pela Universidade Federal do Pará (UFPA), com período sanduíche na Universidade Federal da Bahia (UFBA) e na Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Especialista em Comunicação Científica na Amazônia pelo Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (Naea, UFPA), pelo Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e pela Faculdade de Comunicação (Facom) da UFPA. Bacharel em Comunicação Social, habilitação em Jornalismo, pela mesma instituição. Atua como pesquisador do Laboratório de Pesquisa em Culturas e Tecnologias da Comunicação (LabCult, UFF), Laboratório de Artefatos Digitais (LAD, UFRGS) e do grupo de pesquisa em Inovação e Convergência na Comunicação (InovaCom, UFPA).

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Publicado

19-12-2024

Como Citar

Macedo, T. (2024). O que se fala, o que se escreve: etnografia, deslocamentos epistêmicos e trabalho de campo em esports. Revista Eco-Pós, 27(3), 329–355. https://doi.org/10.29146/eco-ps.v27i3.28365