No Círio de Nazaré, as filhas da Chiquita também fazem a festa: resistência, conflitos e reinvenção de uma urbe amazônica

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DOI:

https://doi.org/10.29146/eco-pos.v21i3.12377

Resumo

Realizado desde 1793, em Belém, Pará, o Círio de Nazaré é uma das maiores festas religiosas do mundo. Nos anos 1970, os frequentadores do Bar do Parque, ícone da boêmia paraense, inspiraram-se no movimento que lutava pelos direitos dos homossexuais nos anos 60, e criaram o que hoje é conhecida como a Festa da Chiquita, elemento profano mais polêmico do Círio. Voltada para o público LGBT, a festa já passou por vários conflitos e sofre com a tentativa constante de desvinculá-la do evento religioso. Buscamos refletir sobre a relação dessa manifestação cultural com a cidade de Belém, levando em conta sua capacidade de transformá-la e produzir novas experiências sensíveis. Nossa estrutura teórica baseia-se em Maffesoli (2009), com a noção da vida cotidiana como obra de arte e sua capacidade de agregação; La Rocca (2015), sobre a construção de uma poética capaz de (re)desenhar os ambientes urbanos; e a ideia de Harvey (2014) sobre o direito à cidade principalmente para as pessoas oprimidas.

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Biografia do Autor

Phillippe Sendas de Paula Fernandes, Museu Paraense Emílio Goeldi

Bolsista do Programa de Capacitação Institucional do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG/MCTIC/CNPq). Mestre em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Netília Silva dos Anjos Seixas, Universidade Federal do Pará

Professora adjunta da Faculdade de Comunicação e do Programa de Pós-Graduação Comunicação, Cultura e Amazônia da Universidade Federal do Pará. Doutora e Mestre em Letras, área de concentração em Linguística, pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal de Pernambuco.

Referências

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Publicado

26-12-2018

Como Citar

Fernandes, P. S. de P., & Seixas, N. S. dos A. (2018). No Círio de Nazaré, as filhas da Chiquita também fazem a festa: resistência, conflitos e reinvenção de uma urbe amazônica. Revista Eco-Pós, 21(3), 247–264. https://doi.org/10.29146/eco-pos.v21i3.12377

Edição

Seção

Perspectivas