Engrenagens Contrariadas

Três pontos de inflexão entre imagem e poder no século XXI

Autores

  • Luís Flores UFMG
  • Bernardo Oliveira UFRJ

DOI:

https://doi.org/10.29146/eco-ps.v27i1.28049

Palavras-chave:

imagem, técnica, poder, modulação, crítica

Resumo

Desde seu surgimento, a imagem técnica, em particular, a cinematográfica, distingue-se das demais formas de representação que eclodem no espírito do capitalismo industrial. De tal maneira que as mesmas câmeras que possibilitaram a construção da linguagem cinematográfica estiveram ligadas historicamente às tecnologias de controle e vigilância dos trabalhadores na fábrica, como podemos observar no célebre fragmento dos irmãos Lumière. Atualmente, o corpo da imagem técnica é atravessado por paradigmas de computação como as redes neurais artificiais, cruciais para compreendermos as táticas de renovação da vigilância. Este ensaio argumenta que o Cinema, enquanto dispositivo capaz de desprogramar o algoritmo, pode manter relações de caráter crítico e contestador com a realidade atual, capaz, a um só tempo, de resistir à axiomática publicitária e reiterar a multiplicidade do real.

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Biografia do Autor

Luís Flores, UFMG

Doutor em Comunicação Social pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Universidade Federal de Minas Gerais, com pesquisa dedicada ao cineasta alemão Harun Farocki. Mestre em Cinema pelo Programa de Pós-graduação em Artes da EBA-UFMG, com dissertação dedicada ao cineasta francês Max Ophuls, com o título Max Ophuls, mestre de cerimônias: mise en scène reflexiva em La ronde e Lola Montès. Graduado em Ciência da Computação pelo DCC/UFMG. Professor, educador, curador e pesquisador de cinema, atua também como ensaísta e tradutor. Organizador dos livros O Cinema de Trinh T. Minh-ha (2015) e O Cinema de Rithy Panh (2013). Curador das retrospectivas dos cineastas Rithy Panh (CCBB, 2013) e Trinh T. Minh-ha (Caixa Cultural, 2015) no Brasil. Curador do Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte nos anos de 2015, 2016 e 2017. Curador do forumdoc.bh no ano de 2015. Desde 2019, é curador do Cinecipó — Festival do Filme Insurgente, desde 2019. Desde 2020, é curador da Lona — Mostra Cinemas e Territórios, uma iniciativa do MLB ? Movimento de Lutas nos Bairros, Vilas e Favelas. Participa do projeto artístico e educativo Coletivo de Cinema, voltado para a inclusão do audiovisual nas escolas públicas. Organiza o programa educativo gratuito Cinema — Sensação de Mundo, destinado ao público infantil.

Bernardo Oliveira, UFRJ

Professor adjunto da Faculdade de Educação da UFRJ, pesquisador, crítico de música e cinema, produtor. Possui Graduação em Filosofia pelo IFCS/UFRJ, Mestrado e doutorado em Filosofia pela PUC-RIO. Realizou Doutorado-sanduíche em Brown University e Pós-doutorado no IFCS/UFRJ, ambos explorando as relações entre cultura e política na obra de Nietzsche. Participa como colaborador do GEM - Grupo de Educação Multimídia (Letras/UFRJ), do LISE - Laboratório do Imaginário Social e Educação (Educação/UFRJ) e do NFC- Núcleo de Filosofias da Diferença (IFCS/UFRJ). É produtor do selo musical QTV Selo. Co-produziu os filmes Noite e Sutis Interferências, de Paula Maria Gáitan. Publicou Tom Zé ? Estudando o Samba (Editora Cobogó) em dezembro de 2014.

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Publicado

09-06-2024

Como Citar

Flores, L., & Oliveira, B. (2024). Engrenagens Contrariadas: Três pontos de inflexão entre imagem e poder no século XXI. Revista Eco-Pós, 27(1), 147–167. https://doi.org/10.29146/eco-ps.v27i1.28049