Necroinfância:

o dispositivo de racialidade e a cobertura dos casos “Meninos de Belford Roxo” e “Henry Borel”

Autores

  • Pâmela Guimarães da Silva Universidade Federal do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.29146/eco-ps.v27i2.27997

Palavras-chave:

Caso Henry, Dispositivos, Mídias, Necropolítica, Os meninos de Belford Roxo

Resumo

O objetivo deste texto é discutir algumas estratégias midiáticas que favorecem  política de morte contra as crianças negras. Resgatamos a noção de dispositivos de Foucault e abordamos as mídias como parte dos dispositivos, por seu potencial de interlocução de longo alcance. Mostramos como a sociedade brasileira é engendrada pelo dispositivo de racialidade, o qual produz uma heterogeneidade de práticas racistas que se articulam e se realinham para cumprir o objetivo de eliminar – pela necropolítica e pelo epistemicídio – os sujeitos negros. O texto traz uma análise comparativa das coberturas do Caso Henry e do caso dos Meninos desaparecidos de Belford Roxo, realizadas pelo programa Fantástico, durante um ano. O estudo mostra como a mídia atua em prol do dispositivo de racialidade promovendo comoção em torno do caso que envolve uma criança branca, mas não no caso das crianças negras.

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Publicado

07-10-2024

Como Citar

Guimarães da Silva, P. (2024). Necroinfância:: o dispositivo de racialidade e a cobertura dos casos “Meninos de Belford Roxo” e “Henry Borel”. Revista Eco-Pós, 27(2), 327–351. https://doi.org/10.29146/eco-ps.v27i2.27997