Foco e Escopo

Hoje, mais do que nunca, pensar o tempo presente implica a elaboração de análises que dêem conta, em alguma medida, da amplitude e dinâmica do campo da comunicação, que vem alterando sensivelmente: as relações dos indivíduos com o espaço e o tempo; os regimes de verdade; a experiência social do real; os processos de rememoração; as práticas discursivas e os modos de subjetivação; as configurações identitárias e os estilos de vida; as formas de sociabilidade e de socialização; os modos de ativismo e participação política; os mecanismos de visibilidade, resistência e poder; as políticas públicas; os circuitos de produção, distribuição e consumo; as transformações do espaço e da imagem públicos; a produção social de sentidos e as representações culturais; as produções artísticas; as configurações estéticas; as possibilidades de interações e agenciamentos afetivos e simbólicos produzidos por diferentes agentes e segmentos sociais; e os processos e fluxos que vêm permitindo a gestão da informação e do conhecimento. Em outras palavras, refletir sobre a complexa realidade atual implica na elaboração de interpretações que levem em conta as mudanças em curso e operem com os processos e circuitos comunicacionais que, cada vez mais, constituem-se nos alicerces do mundo atual.

Daí, a centralidade do campo da comunicação na cultura contemporânea. Esta é a designação generalista para a intrincada trama de dispositivos técnicos, representações sociais, fluxos informativos, espaços mentais ou configurações de consciência, que confluem para a constituição de novos estilos de vida que quotidianamente articulam-se e colocam-se em tensão com o capital transnacional e o mercado. A mídia, portanto, hipostasia essa forma, ensejando o desenvolvimento de uma tecnocultura que se impõe como superfície semiótica de um mundo globalizado e multicultural.

Para a compreensão do fenômeno, de pouco vale o apelo isolado às disciplinas tradicionais do pensamento social. A realidade, hoje, demanda com urgência um sistema de inteligibilidade afinado epistemológica e metodologicamente com a nova dinâmica sociocultural. De modo geral, é isto o que vem buscando, desde sua fundação, o Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ECO/UFRJ).

Esta publicação, conseqüentemente, está aberta a contribuições de pesquisadores da área da Comunicação e afins, que estejam empenhados em compreender a vida social em sua dinâmica de transformação e passagem. A cada número, propomos um assunto central, a ser tratado na forma de um dossiê temático. Mas, como nosso perfil é generalista, também aceitamos textos sobre diversos assuntos, que podem ser publicados nas outras seções da revista. Ainda aceitamos resenhas de livros publicados nos últimos anos.

Público-alvo:
Os colaboradores e o público da Revista Eco-Pós são estudantes, docentes, pesquisadores e profissionais em contato com a área da comunicação.