Por uma epistemologia do barranco como afronta do saber

O amor, a nostalgia e o sonho em uma periferia

Authors

DOI:

https://doi.org/10.29146/eco-ps.v27i3.28325

Keywords:

Barranco, Escrevivência, Escrita de Si, Periferia, Ensaio

Abstract

Poderiam ser tomadas, como fenômenos comunicacionais de saberes localizados, as rememorações de um sujeito-pesquisador acerca de seu passado? Neste texto, de tom mais ensaístico e redigido em bloco único, utilizo o relato de um índice de subjetividade sobre minha infância em uma periferia como estratégia de “escrevivência” (Evaristo, 2018), a trafegar por três materialidades que saltam dos escritos: o amor, a nostalgia e o sonho. Pensando minhas vivências em meio a uma geografia do barranco, lanço-me na empreitada de alçar essa categoria – o barranco – a uma dimensão de epistemologia que afronte formas ortodoxas de saber, responsáveis por anularem outras mais dissonantes e preteridas nos eixos chancelados de conhecimento. Pelo caminho traçado, este texto experimenta ser uma metodologia em andamento de sua própria proposta, chamando ainda para a conversa referenciais que andam de mãos dadas com esse saber periférico.

 

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Author Biography

William David Vieira, UEMG

Professor do curso de Tecnologia em Cinema e Animação da UEMG. Doutor em Comunicação Social pela UFMG. Pesquisador do grupo "Educação, Audiovisual e Narrativas Transmídia" (UEMG/CNPq).

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Published

2024-12-19

How to Cite

David Vieira, W. (2024). Por uma epistemologia do barranco como afronta do saber: O amor, a nostalgia e o sonho em uma periferia. Revista Eco-Pós, 27(3), 92–112. https://doi.org/10.29146/eco-ps.v27i3.28325