Da guerra de memórias:

antigos problemas e novas leituras

Autores

  • Silvana Seabra PUC Minas

DOI:

https://doi.org/10.29146/ecops.v25i1.27711

Palavras-chave:

Guerra de memórias, Identidade, Memória

Resumo

O artigo aborda o debate atual sobre memória na sua utilização por movimentos identitários contemporâneos, discutindo desde propostas que veem a lembrança coletiva como única, passando pelas discussões que privilegiam a dinâmica do lembrar e esquecer, resultando no reconhecimento das múltiplas narrativas memorialísticas, muitas vezes deflagrando uma verdadeira “guerra de memórias”. Destaca-se como parte desse processo a formação de espaços ampliados de memória, que se deslocaram dos horizontes nacionais para uma configuração global, cujo melhor exemplo é a memória representativa do Holocausto. A mesma cosmopolitização não apenas produziu uma redução semântica, que permitisse sua expansão, mas igualmente se tornou uma fonte contínua de conflitos. Conclui-se que os novos conceitos para o fenômeno da memória (cultural, posmemória, comunicativa, multidirecional, protética) não são apenas tentativas de tipificação, mas pretendem compreender limites de experiências entre lugares, entre temporalidades e mesmo entre modos diversos de elaboração da memória aos processos identitários.

 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Silvana Seabra, PUC Minas

É professora do Programa de Pós-graduação em Comunicação Social da PUC Minas. Doutora em Literatura Comparada (UFMG), com "doutorado Sandwich" (CAPES) no Romance Languages and Literatures Department (Harvard) e mestrado em Sociologia da Cultura (UFMG). Membro do Grupo de Pesquisa Mídia e memória - (DGP/CNPq). 

Referências

ABEL, Marco. Prosthetic memory: the transformation of american remembering in the age of mass culture. Quartely Review of Film and Video, n. 23, p. 377-388, 2006.

ANDERSON, Benedict. Comunidades Imaginadas: reflexões sobre a origem e a difusão do nacionalismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.

APPADURAI, Arjun. Grassroots globalization and the research imagination. In APPADURAI, Arjun. Globalization. Duham, London: Duke University Press, 2010.

ASSMANN, Aleida; CONRAD, Sebastian (Eds.) Memory in a global age: discourses, practices and trajectories. London: Palgrave Macmillan, 2010.

ASSMANN, Aleida. Canon and archive. In ERLL, Astrid; NÜNNING, Ansgar (Eds). Cultural Memory Studies. Berlin: Walter de Gruyter, 2008a, p. 97-107.

ASSMANN, Jan. Communicative and cultural memory. In ERLL, Astrid; NÜNNING, Ansgar (Eds). Cultural memory studies. Berlin: Walter de Gruyter, 2008b, p. 109-118.

BAUDRILLARD, Jean. A ilusão do fim ou a greve dos acontecimentos. Lisboa: Terramar, 1992.

BAER, Alejandro; SZNAIDER, Natan. Memory and Forgetting in the Post-Holocaust Era: the ethics of Never Again. New York: Routledge, 2016.

BECK, Ulrich. O que é globalização? São Paulo: Paz e Terra, 1999.

BERGER, James. Which Prosthetic? Mass media, narrative, empathy, and progressive politics. Rethinking History: The Journal of Theory and Practice, v. 11, n. 4, p. 597-612, 2007.

BLANCHARD, Pascal; VEYRAT-MASSON, Isabelle. Les guerres de mémoires: un objet d’étude? Tracés. Revue de Sciences humaines [En ligne], v. 9, p. 43-52, 2009.

BURKE, Peter. Fuzzy Histories. Common Knowledge, v. 18, n. 2, p. 239-248, 2012.

CARUTH, Cathy (Ed.). Trauma: explorations in memory. Baltimore and London: Johns Hopkins University Press, 1995.

CONFINO, Alon. Collective memory and cultural history: problems of method. American Historical Review, v. 102, n. 5, p. 1386-1403, 1997.

DETIENNE, Marcel. A invenção da mitologia. Rio de Janeiro: José Olympio, 1992.

HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Vértice, 1990.

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP& A, 2005.

HARTOG, François. Regimes de Historicidade: presentismo e experiências do tempo. Belo Horizonte: Autêntica, 2014.

HIRSCH, Marianne. Family frames: photography, narrative and postmemory. Cambridge, MA: Harvard University Press, 1997.

HIRSH, Marianne. The generation of postmemory. Poetics Today, v. 29, n.1, p. 103-128, 2008.

HUNTER, James D. Culture wars: the struggle to define America. New York: Basic Books, 1991.

HUYSSEN, Andreas. Seduzidos pela memória: arquitetura, monumentos, mídia. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2000.

KOSELLECK, Reinhardt. Futuro passado. Contribuições à semântica dos tempos históricos. Rio de Janeiro: Contraponto; Ed. PUC-Rio, 2006.

LANDSBERG, Alison. Prosthetic memory: the transformation of american remembrance in the age of mass culture. New York: Columbia UP, 2004.

LE GOFF, Jacques. Monumento. In História e memória. Campinas: Editora da Unicamp, 1990.

LEVY, Daniel; SZNAIDER, Natan. Memory unbound: the Holocaust and the formation of cosmopolitan memory. Sociology: European Journal of Social Theory, v. 5, n. 1, p. 87-106, 2002.

LINDENBERG, D. Guerres de mémoire en France. Vingtieme Siecle-revue D Histoire, v. 42, p. 77-96, 1994.

NORA, Pierre. Entre história e memória: a problemática dos lugares. Revista Projeto História, n. 10, p. 7-28, 1993. Disponível em: http://www.pucsp.br/projetohistoria/downloads/revista/PHistoria10.pdf. Acesso em: 20 mar. 2019.

REVEL, Jacques. A invenção da sociedade. Lisboa: DIFEL; Rio de Janeiro: Bertrand, 1989.

ROLPH-TROUILLOT, Michel. Abortive rituals: historical apologies in the Global Era. Interventions, v.2, n. 2, p. 171-86, 2000.

ROTHBERG, Michael. Multidirectional memory: remembering the Holocaust in the Age of Decolonization. Stanford, CA: Stanford University Press, 2009.

ROUSSO, Henry. Rumo a uma globalização da memória. Hist. R., v. 19, n. 1, p. 265-279, jan./abr. 2014.

SACKS, Oliver. Um antropólogo em Marte. São Paulo: Companhia das letras, 2006.

SCHWARZ, Bill. Memory, temporality, modernity: les lieux de mémoire. In RADSTONE, Susannah;

SCHWARZ, Bill. Memory: histories, theories, debates. New York: Fordham University Press, 2001.

TONNIES, Ferdinand. Comunidade e Sociedade. Rio de Janeiro: Editora Nacional, 1973.

Downloads

Publicado

21-06-2022

Como Citar

Seabra, S. (2022). Da guerra de memórias:: antigos problemas e novas leituras. Revista Eco-Pós, 25(1), 437–458. https://doi.org/10.29146/ecops.v25i1.27711