O enfrentamento à desinformação sobre saúde pública no Brasil

registros entre 2020 e 2022

Autores

DOI:

https://doi.org/10.29146/eco-ps.v26i01.28051

Palavras-chave:

Desinformação, Covid-19, Sistema brasileiro de mídia, Letramento midiático, Fact-checking

Resumo

Entre 2020 e 2022, o Sistema Único de Saúde (SUS) enfrentou a pandemia da Covid-19 e uma onda de desinformação sobre o coronavírus. Universidades e conglomerados midiáticos uniram-se para prover indicadores epidemiológicos, enquanto o Governo Federal foi um dos atores da desinformação. O estudo teve como objetivos traçar um panorama das iniciativas de enfrentamento da desinformação em saúde, entre 2020 e 2022, e problematizar seus vínculos com grupos midiáticos e o SUS. A metodologia foi composta por pesquisa documental e revisão de literatura nas bases Periódicos da Capes e OasisBR. Foram feitas buscas complementares no Google e nas mídias digitais das atividades mapeadas. Tais dados foram analisados qualitativa e quantitativamente. Resultados apontaram que grupos estabelecidos antes da crise priorizaram o fact-checking. Após a pandemia, surgiram iniciativas com ênfase no letramento midiático e no diálogo com o cidadão. Atores midiáticos das escalas regionais e do SUS receberam menor atenção.

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Biografia do Autor

Pâmela Pinto, FIOCRUZ

Pesquisadora  em políticas de comunicação e saúde. Professora credenciada ao Programa de Pós-Graduação em Informação e Comunicação em Saúde (PPGICS) do ICICT/Fiocruz. Investigadora visitante do DigiMedia Centro de Investigação em Media Digitais e Interação (Universidade de Aveiro). Pesquisadora integrante dos grupos "Meios - Comunicação, Instituições e Interações Sociais (UFV) e Laboratório Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas em Antropologia da Saúde (UNIRIO). Doutora e Mestre em Comunicação pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal Fluminense (UFF), em 2015 e 2010, respectivamente. Realizou estágio de pós-doutorado no Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro, entre 2019 e 2022. Graduada em Comunicação Social (habilitação em Jornalismo), pela Universidade Federal do Maranhão, em 2007. Pesquisa temas relacionados a Comunicação e Política; Mídia Regional, Jornalismo e Saúde. Tem experiência docente nas áreas de mídia, marketing, política e jornalismo. Atuou como professora substituta na Escola de Comunicação (ECO) da UFRJ e na Faculdade de Comunicação Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Técnica em Comunicação do Ministério da Saúde, com atuação na Superintendência Estadual do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro (SEMS/RJ). Autora do livro "Brasil e as suas mídias regionais: estudos sobre as regiōes Norte e Sul" (Editora Multifoco).

 

Eleonora de Magalhães, Universidade Federal Fluminense

Doutora em Comunicação pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Mestre em Comunicação pela mesma instituição; Especialista em Comunicação, Sociedade e Mercados pela Unileste-MG e graduada em Comunicação Social, habilitação Jornalismo, pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Atualmente é sócia-diretora da VÉRTICE INTELIGÊNCIA (startup incubada na Agência de Inovação da UFF), professora no Departamento de Estudos Culturais e Mídia da UFF e do curso de Jornalismo da Faculdade Pinheiro Guimarães. Atuou também como professora dos cursos de Publicidade (Comunicação e Marketing) e Jornalismo da Universidade Salgado de Oliveira (Universo). Realiza consultoria e pesquisa em Marketing Político e Digital, tem experiência profissional em Comunicação Organizacional/Comunicação Integrada, Telejornalismo e Edição de Texto. É pesquisadora do Laboratório de Mídia e Democracia (Lamide/UFF) e membro da Associação Brasileira de Pesquisadores em Comunicação e Política (Compolítica). Participou da equipe editorial das revistas Compolítica e Contracampo. Atua como parecerista para revistas acadêmicas e congressos.

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Publicado

30-06-2023

Como Citar

ARAUJO PINTO, P., & DE MAGALHÃES CARVALHO, E. (2023). O enfrentamento à desinformação sobre saúde pública no Brasil: registros entre 2020 e 2022. Revista Eco-Pós, 26(01), 140–167. https://doi.org/10.29146/eco-ps.v26i01.28051