“Branco sai, preto fica”
um ensaio de filosofia política radical sobre as cosmopolíticas da racialidade e a crítica da meritocracia moderna
DOI:
https://doi.org/10.29146/eco-ps.v27i3.28362Palavras-chave:
Meritocracia, Racialidade, Colonialidade, CidadaniaResumo
O presente artigo faz uma crítica da ideia de meritocracia e das hierarquias cognitivas modernas que a sustentam por meio do conceito de cosmopolíticas da racialidade, a partir de uma discussão sobre a intensa visibilidade da negritude e da invisibilidade do privilégio branco como política identitária. Localizadas no eixo da colonialidade do poder (Quijano, 2005), as questões aqui expostas no campo da educação e do saber visam propor e/ou recuperar programas de intervenção ontoepistemológica que, identificando a agência do que Sueli Carneiro chamou de dispositivo de racialidade (2005), acionam pontos de ruptura próprias da condição racializada.
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