Apanhador (Não Tão) Só: Acontecimento em rede e as afetações de uma ruptura de coerência expressiva

Autores

  • Beatriz Polivanov Universidade Federal Fluminese http://orcid.org/0000-0002-1289-6604
  • Ronaldo Henn Unisinos
  • Jonas Pilz Universidade Federal Fluminense.
  • Beatriz Medeiros Universidade Federal Fluminense

DOI:

https://doi.org/10.29146/eco-pos.v23i1.27551

Resumo

Após a banda Apanhador Só fazer o lançamento da sua canção Linda, Louca e Livre, em agosto de 2017, Clara Corleone, ex-companheira de um dos integrantes do grupo, fez uma publicação em seu perfil pessoal no Facebook denunciando situações de abuso psicológico e violência física pelas quais teria passado ao longo do relacionamento. Ela teria sido motivada pela suposta associação que, naquele momento, a banda fazia com o movimento feminista latino-americano através da canção. O texto ganhou visibilidade e gerou uma significativa rede de debates, com características do que se entende como ciberacontecimento, provocando uma ruptura na coerência expressiva do grupo, na sua construção e performance identitária. Analisam-se aqui as afetações decorrentes desse processo através de postagens da banda, em sua página no Facebook, em relação ao ocorrido, bem como comentários a elas. Conclui-se que, para além de um processo de gerenciamento de crise momentâneo, com cancelamento de shows e tentativa de retratação por parte da banda, o acontecimento gerou repercussões possivelmente indeléveis, como o surgimento de ex-fãs.

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Biografia do Autor

Beatriz Polivanov, Universidade Federal Fluminese

Professora adjunta do Departamento de Estudos Culturais e Mídia da Universidade Federal Fluminense (UFF), do qual foi Chefe de 2016 a 2018. Docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da mesma instituição. Doutora e mestre pelo mesmo programa, onde desenvolveu pesquisa de pós-doutorado com bolsa CAPES/PNPD na linha de Estéticas e Tecnologias da Comunicação. Atualmente atua como professora visitante na Universidade de McGill, em Montreal, no Departamento de Art History and Communication Studies. Graduada em Letras (Português-Inglês) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com Licenciatura pela Faculdade de Educação também da UFRJ. Líder do grupo de pesquisa MiDICom - Mídias Digitais, Identidade e Comunicação - da UFF, inscrito no diretório do CNPq.

Ronaldo Henn, Unisinos

Possui graduação em Comunicação Social Habilitação em Jornalismo pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (1984), mestrado em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1994), doutorado em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2000) e pós-doutorado na Universidade Nova de Lisboa. Atualmente é professor adjunto da Universidade do Vale do Rio dos Sinos e atua como pesquisador no PPG em Ciências da Comunicação, com pesquisas que abordam a produção de acontecimento nas redes sociais digitais com foco nas mobilizações de ocupação global, movimentos comportamentais e outras narratividades. É pesquisador PQ/CNPq Nível 2.

Jonas Pilz, Universidade Federal Fluminense.

Doutorando, bolsista CAPES, do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal Fluminense.

Beatriz Medeiros, Universidade Federal Fluminense

Doutorando, bolsista CAPES, do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal Fluminense.

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Publicado

08-08-2020

Como Citar

Polivanov, B., Henn, R., Pilz, J., & Medeiros, B. (2020). Apanhador (Não Tão) Só: Acontecimento em rede e as afetações de uma ruptura de coerência expressiva. Revista Eco-Pós, 23(1), 535–560. https://doi.org/10.29146/eco-pos.v23i1.27551