Porto Maravilha dos residenciais e das grandes corporações - Discursos de um prometido “legado olímpico”

Autores

  • Ricardo Ferreira Freitas Universidade do Estado do Rio de Janeiro
  • Vania Fortuna Universidade do Estado do Rio de Janeiro
  • Mônica Sousa Universidade do Estado do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.29146/eco-pos.v22i3.27413

Resumo

Este trabalho investiga a produção de sentidos do Porto Maravilha na cobertura do jornal O Globo, do Rio de Janeiro. Sob a perspectiva teórico-metodológica de Eni Orlandi (1999), analisamos reportagens, veiculadas entre 2010 e 2014, que produziram “efeitos de verdade” sobre a “revitalização” como o “caminho único” para tornar a zona portuária um lugar cobiçado por moradores da classe média e corporações transnacionais. Encontramos nessas regularidades discursivas evidências de um trabalho de memória da degradação e do passado histórico da região que acaba por estimular a especulação imobiliária. Discursos que se mostram atravessados pelos interesses da parceria público-privada que viabilizou o Porto Maravilha, tomado como um legado dos Jogos Olímpicos de 2016. Mas esse argumento se revelou uma “armadilha” discursiva. No que tange à ocupação da área por moradores da classe média e pelas corporações transnacionais, o que seria legado ainda é promessa.

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Biografia do Autor

Ricardo Ferreira Freitas, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Professor titular da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Doutorado em Sociologia - Université Paris V (René Descartes) (1993), com bolsa da CAPES. Desenvolveu estágio pós-doutoral em Comunicação no CEAQ/Sorbonne com bolsa da CAPES (2006/2007) e Estágio Sênior em Comunicação e Sociedade com bolsa da CAPES na Universidade Paul Valéry-Montpellier 3. É consultor adhoc da CAPES e da FAPERJ. 

Vania Fortuna, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Pós-doutoranda em Comunicação (UERJ). Doutora em Comunicação (UFF). É professora dos cursos de jornalismo e publicidade e propaganda da Universidade Veiga de Almeida (UVA), membro dos grupos de pesquisa Comunicação Urbana, Consumo e Eventos, e Comunicação, Arte e Cidade (CAC).

Mônica Sousa, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Pós doutoranda em Comunicação (UERJ). Doutora em Comunicação (UFF). Membro dos grupos World of Journalism Study e Geografias da Comunicação. Docente na Universidade Veiga de Almeida.

Referências

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Publicado

19-12-2019

Como Citar

Freitas, R. F., Fortuna, V., & Sousa, M. (2019). Porto Maravilha dos residenciais e das grandes corporações - Discursos de um prometido “legado olímpico”. Revista Eco-Pós, 22(3), 80–99. https://doi.org/10.29146/eco-pos.v22i3.27413