O Drama da lona

Autores

  • Zeka Araújo

DOI:

https://doi.org/10.29146/eco-pos.v6i2.1138

Resumo

@ propósito estético dominante da fotografia moderna foi, como nos sugere El Lissitzky, fincar uma cunha no agora, alargando cada vez mais a distância entre o antes e o depois. Quem se dá ao trabalho de inventariar seus resultados constata a variedade de sentidos, de possibilidades de sentido, para ser exato, que logrou-se assim realizar. Da fenda aberta
por esta cunha emergem as formas do instantâneo que vieram a constituir o repertório típico do fotojornalismo (“o que é isso?”, “como isso está?”, “para onde isso vai?” etc.): perguntas às quais uma legenda deve necessariamente responder. Para que o fotógrafo torne visível cada uma destas oportunidades de legenda, uma vez que tenha mergulhado na duração em busca do instantâneo, deve agora retroceder com sua presa e oferecê-la cristalinamente ao público. Um dos limites evidentes da experiência fotográfica moderna foi, então, persistir na duração, sem retroceder, permanecendo
indefinidamente no transe do instante. Comparem-se estas fotos carnavalescas de Zeka Araújo (tiradas entre 1987 e 1989, creio) com as imagens de êxtase propostas por Arthur Omar na Antropologia da face gloriosa. A obra de Omar nos fornece o
testemunho deste transe, único modo de habitar o interior do instante. O carnaval de Zeka Araújo buscou forçar os limites da fotografia moderna de um outro modo.

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Publicado

07-06-2009

Como Citar

Araújo, Z. (2009). O Drama da lona. Revista Eco-Pós, 6(2). https://doi.org/10.29146/eco-pos.v6i2.1138