Chamada de Artigos (CFP) - Visualidades: estéticas, mídias e contemporaneidade (v. 26, n. 2, setembro/outubro de 2023)

19-12-2022

Dossiê: Visualidades: estéticas, mídias e contemporaneidade (v. 26, n. 2)

Se o paradigma visual se torna preponderante no pensamento ocidental particularmente a partir da modernidade europeia, afetando definitivamente estudos e abordagens em diversas áreas do saber, nas últimas décadas, as reflexões sobre a cultura visual continuam crescendo exponencialmente. Com as novas tecnologias, proliferaram-se formas, telas e mídias. As imagens se tornaram elementos indissociáveis da vida cotidiana. Os processos de produção, distribuição e consumo delas têm sido afetados por profundas transformações técnicas. Ao mesmo tempo, as novas dinâmicas estéticas, conjugadas com dinâmicas anteriores – que resistiram ao passar do tempo –, também se mostram criadoras de usos imprevistos das tecnologias recentes, ou mesmo possíveis catalisadoras de novos dispositivos. A multiplicação de práticas, regimes e discursos em torno da visão, no entanto, não significa necessariamente que saibamos o que estamos vendo, nem que tenhamos pleno conhecimento das várias camadas que constituem as culturas visuais contemporâneas. E, ao articularem uma vasta gama de experiências, as visualidades, de uma certa maneira, deixam de estar relacionadas apenas aos olhos.

Pesquisadores de áreas tão diversas como história da arte, comunicação, cinema, psicanálise, filosofia, sociologia, antropologia, arquitetura, entre outras, estão refletindo sobre as inúmeras abordagens dos estudos visuais (visual studies). Essa configuração tão estimulante permite leituras multidisciplinares, que em muito transcendem as funções estritamente miméticas, ou a aplicação esquemática de sistemas linguísticos-textuais baseados na significação para analisar e determinar as imagens. Transpassado por diversas abordagens possíveis e possuidor de natureza dinâmica e variável, o visível aparece, na verdade, como lugar de indeterminação do sensível, manifestando-se nos espaços do real, do imaginário, do simbólico, do ideológico, do político, do histórico.

O dossiê “Visualidades: estéticas, mídias e contemporaneidade” foi pensado em sentido amplo, evidenciando a condição polissêmica das imagens. Para este número, a Revista Eco-Pós estimula o envio de artigos que explorem a cultura visual no tempo presente, investigando (e até cruzando) objetos como filmes, vídeos, publicidades, animações, jogos eletrônicos, infografias, pinturas, fotografias, imagens operativas, imagens geradas com inteligência artificial (IA), holografias, realidade virtual (VR), posts em redes sociais, romances gráficos e HQs, entre outros dispositivos. O desenvolvimento de imagens técnicas, isto é, aquelas produzidas através de mediações tecnológicas, têm colocado novos desafios ao campo dos estudos visuais. Este número é uma tentativa de abordá-los.

Chamada de artigos (CFP) - Visualidades: estéticas, mídias e contemporaneidade
Prazo de submissão: até 16 de Junho de 2023 [PRORROGADO]
Estimativa de publicação: v. 26, n. 2, setembro/outubro de 2023
Editores: Lucas Murari (Doutor em Comunicação pelo PPGCOM/UFRJ) & Nicholas Andueza (Doutor em Comunicação pelo PPGCOM/UFRJ e em História pela Paris 1 – Panthéon Sorbonne)

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Chamada de artigos (CFP) - Crises da democracia e desinformação: diagnósticos do tempo presente
Prazo de submissão: até 08 de março de 2023 [ENCERRADO]
Estimativa de publicação: v. 26, n. 1, maio/junho de 2023
Editor convidado: Wilson Milani (Doutor em Comunicação pelo PPGCOM/UFRJ)

Graves impasses ameaçam atualmente o desenvolvimento da democracia no Brasil e no mundo. Fala-se em uma situação de definhamento democrático em países que acompanharam a chegada ao poder de líderes identificados com ideologias autoritárias e regressivas. Diagnósticos do tipo “morte da democracia” se tornaram recorrentes em interpretações e análises políticas nos últimos anos. Termos foram cunhados na tentativa de designar a deriva autoritária em curso: “neofascismo”, “liberalismo totalitário”, “iliberalismo”, “democratura”, “populismo autoritário”, entre muitos outros. Com frequência, o esforço para qualificar a forma predominante que o autocratismo vem assumindo neste século tem ganhado uma formulação bastante singela: como foi que chegamos até aqui?

Nesse cenário, as plataformas digitais se tornaram espaço propício à organização de ataques aos valores e às instituções da democracia liberal por parte de partidos e movimentos de extrema direita. O “efeito de bolha” desses ambientes contribui para a radicalização política ao dar escala e alcance ao discurso de ódio que andava disperso pela sociedade. No caso brasileiro, a eleição para a Presidência em 2018 de um defensor da ditadura militar representou o fim da Nova República e do pacto democrático firmado pela Constituição de 1988. Jair Bolsonaro instalou uma espécie de “emergência democrática no país” ao longo dos quatro anos de seu mandato, valendo-se da institucionalidade e de um aparato de desinformação sem precedentes para acalentar seu projeto autocrático e personalista.

Para este número, a Revista ECO-Pós estimula o envio de artigos com estudos empíricos, históricos e teóricos a respeito dos seguintes temas: instituições da democracia, sociedade e desinformação; esfera pública algoritmizada, ativismos e informação política; novas direitas e emergência de partidos e movimentos digitais; o partido digital bolsonarista; o partido digital trumpista; líderes autoritários e guerras culturais; a “Internacional Autoritária” na era das plataformas e dos algoritmos: Estados Unidos, Rússia, Polônia, Hungria, Turquia e Brasil; definhamento democrático e ambiente informacional marcado pela pós-verdade e pelo discurso de ódio; “efeito de bolha” das redes, radicalização política e discursos antidemocráticos; a “imprensa agredida”: populismo de extrema direita e guerra aberta ao jornalismo profissional.