O idiota acima de todos: “Momento Waldo” – fanatismo, espetáculo e esvaziamento do político

Autores

  • Maria Cristina Franco Ferraz Universidade Federal do Rio de Janeiro/Escola de Comunicação
  • Ericson Saint Clair Universidade Federal Fluminense/Departamento de Artes e Estudos Culturais

DOI:

https://doi.org/10.29146/eco-pos.v22i2.26049

Resumo

O artigo investiga as relações entre política e espetáculo a partir do episódio “Momento Waldo”, da série Black Mirror. A trama permite observar as novas e ominosas dobras do capitalismo no ocidente, em sua associação com o pensamento reacionário, expresso na ascensão política de personagens caricatas, paradoxalmente eleitas de modo democrático. Articula-se o pensamento de Agamben sobretudo ao de Amós Oz e Barbara Cassin, a fim de ressaltar, no debate político, o sequestro insidioso da potência da palavra e sua substituição pelo regime discursivo do fanatismo. A figura emergente desse regime - o idiota - é desdobrada em duas direções. Por um lado, salientam-se variações históricas de sentido de idiota na cultura ocidental; por outro, explora-se seu vínculo a modelos comportamentais contemporâneos difundidos na campanha publicitária da marca Diesel, com seu lema Be stupid.

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Publicado

06-10-2019

Como Citar

Franco Ferraz, M. C., & Saint Clair, E. (2019). O idiota acima de todos: “Momento Waldo” – fanatismo, espetáculo e esvaziamento do político. Revista Eco-Pós, 22(2), 66–87. https://doi.org/10.29146/eco-pos.v22i2.26049