Afro-surrealismo, insólito e desobediência epistêmica em Não! Não Olhe!

Autores

DOI:

https://doi.org/10.29146/eco-ps.v27i3.28298

Palavras-chave:

afro-surrealismo, desobediência epistêmica, insólito, onírico, Jordan Peele

Resumo

Esta comunicação propõe uma leitura do filme Não, Não Olhe! (2022), de Jordan Peele, como ato de desobediência epistêmica (Mignolo, 2008), interseccional e decolonial, que o associa ao projeto proposto pelo manifesto afro-surreal, uma estratégia subversiva que busca dar visibilidade a categorias sociais marginalizadas. Sugerimos que Peele utiliza, na construção narrativa do longa-metragem, algumas ferramentas estilísticas multissensoriais, que auxiliam no objetivo de acionar as categorias estéticas do insólito e do onírico, compondo uma estratégica que reforça o ato subversivo decolonial.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Rodrigo Carreiro, Universidade Federal de Pernambuco

Professor do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e do Bacharelado em Cinema e Audiovisual da Universidade Federal de Pernambuco, onde cursou Mestrado e Doutorado em Comunicação. Fez pós-doutorado na Universidade Federal Fluminense (UFF). Bolsista de produtividade Nível E do CNPq. Autor de sete livros e mais de 55 artigos científicos, e organizador de seis coletâneas.

Marília de Orange, Universidade Federal de Pernambuco

Fotógrafa, professora e pesquisadora recifense. Graduada em Fotografia, pela Universidade Católica de Pernambuco - UNICAP (2013), especializada em Estudos Cinematográficos (UNICAP-2015), mestra em Comunicação pela Universidade Federal de Pernambuco - PPGCOM/UFPE (2019) e, atualmente, doutoranda em Comunicação (PPGCOM/UFPE). 

Referências

ACKER, Ana. M.; CAMPOS, Deivison. M. C. As relações entre horror e racismo no filme Corra!. In: Comunicação Mídia e Consumo, v. 17, n. 48, pp. 169–192, 2020.

AKOTIRENE, Carla. Interseccionalidade. São Paulo: Jandaíra, 2019.

ADICHIE, Chimamanda Ngozi. O perigo de uma história única. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.

AMARAL, Muriel Emídio Pessoa do. Notas sobre o pensamento decolonial e estudos da Comunicação. Extraprensa, São Paulo, v. 14, n. 2, p. 471 – 487, jan./jun. 2021.

BAUMAN, Zigmund. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2000.

BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política. Obras Escolhidas – v. 1. São Paulo: Brasiliense, 1987.

BOOKER, Keith; DARAISEH, Isra. Jordan Peele’s Nope: saying no to the society of the spectacle. Science Fiction Film and Television, n. 16, p. 165–82, 2023.

BORDWELL, David; THOMPSON, Kristin. A arte do cinema: uma introdução. Campinas: Editora da Unicamp, 2014.

BORDWELL, David; THOMPSON, Kristin. Film history: an introduction. New York: McGraw-Hill, 2019.

BUENO, Winnie de Campos. Processos de resistência e construção de subjetividades no pensamento feminista negro: uma possibilidade de leitura da obra Black feminist thought: knowledge, consciousness, and the politics of empowerment (2009) a partir do conceito de imagens de controle. (Doutorado em Direito) Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), São Leopoldo, 2019.

CÁNEPA, Laura; NASCIMENTO, Gênio. Narrativas insólitas no século XXI: novo realismo e horror no cinema contemporâneo. [Anais] 41º Congresso da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom). Joinville, 2018.

CARDOSO, Leandro A. Cinema, negritude e decolonialidade: análise do filme Corra! Revista Em Favor de Igualdade Racial, v. 6, n. 3, p. 86–101, 2023.

CARREIRO, Rodrigo. O papel da respiração no cinema de horror contemporâneo. E-Compós, v. 23, 2020.

CARREIRO, Rodrigo. Notas sobre o papel do som imersivo no cinema contemporâneo. MATRIZes, v. 17, n. 1, p. 115–140, 2023.

CARREIRO, Rodrigo; CÁNEPA, Laura Loguércio. Insegurança perceptual e multissensorialidade no horror nórdico contemporâneo. Rebeca, v. 12, n. 1, 2023.

CARRERA, Fernanda; MEIRINHO, Daniel. Mulheres negras nas artes visuais: Modos de resistência às imagens coloniais de controle. Eco-Pós, n. 23, v. 3, p. 55–81, 2020.

COLEMAN. Robin R. Means. Horror Noire: a representação negra no cinema de terror. DarkSide, 2019.

COLLINS, Patricia Hill. Pensamento feminista negro: conhecimento, consciência e a política do empoderamento. São Paulo: Boitempo, 2019.

CORDERO-HOYO, Elena. Os primórdios do cinema. História do cinema: dos primórdios ao cinema contemporâneo (org. Nelson Araújo), p. 26-61. Lisboa: Edições 70, 2023.

CORRÊA, Lilian, C. O fantástico e o estranho em o coração denunciador, de Edgar Allan Poe. Revista Pandora, v. 6, p. 65-78, 2011.

DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. São Paulo: Coletivo Periferia, 2003.

ELSAESSER, Thomas. Cinema mundial: realismo, evidência, presença. Realismo Fantasmagórico (org. Cecília Mello), p. 37-60. São Paulo: Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária – USP, 2015.

ELSAESSER, Thomas; HAGENER, Malte. Teoria do cinema: uma introdução através dos sentidos. Campinas: Papirus, 2018.

FURTADO, Renato Guimarães. Milagre ruim: a exploração atmosférica do som em Não, Não Olhe! [Anais] da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom), 2023.

GARCIA, Flávio. A manifestação do insólito ficcional, na categoria personagem, como marca do fantástico modal: uma leitura de A gorda indiana, do escritor moçambicano Mia Couto. Redisco – Revista Eletrônica de Estudos do Discurso e do Corpo, v. 1, p. 33-45, 2012.

HOOKS, bell. Anseios: raça, gênero e políticas culturais. São Paulo: Elefante, 2019.

JACKSON, Jeremy A. Henry Dumas: prophet of the afrosurreal renaissance. (Dissertação de Mestrado em Artes), University of Maryland, Baltimore, 2019.

LIPOVETSKY, Gilles. Os tempos hipermodernos. São Paulo: Editora Barcarolla, 2004.

MARKS, Laura U. The skin of the film: intercultural cinema, embodiment, and the senses. Durham: Duke University Press, 2000.

MIGNOLO, Walter. Desobediência epistêmica: a opção decolonial e o significado de identidade em política. Cadernos de Letras da UFF, n. 34, p. 287-324, Rio de Janeiro, 2008.

MILLER, D. Scot (org.). Manifesto afro-surreal: Preto é o novo preto – Um manifesto do século XXI. San Francisco Bay Guardian, v. 43, n. 34, 2009. Tradução de Yuri Costa. Disponível em https://medium.com/@_eusouyuri/manifesto-afro-surreal-preto-%C3%A9-o-novo-preto-um-manifesto-do-s%C3%A9culo-xxi-4b984c995b65. Acesso em: 28 maio 2024.

QUIJANO, Anibal. Colonialidad y modernidad/racionalidade”. Perú Indígena, v. 13, n. 29, p. 11-20, 1991.

RABELO, Mattheus Santos. O encontro entre a negritude e os filmes de terror: uma análise narrativa e cultural de corra! E não, não olhe!, de Jordan Peele. 2023. 87 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Jornalismo) - Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2023.

SCHAFER, Murray. A afinação do mundo. 2. ed. São Paulo: Editora Unesp, 2012.

SPENCER, Rochelle. Afro-Surrealism: the african diaspora’s surrealist fiction. London: Routledge, 2020.

SPIVAK, Gayatri. Pode o subalterno falar? Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2010.

TODOROV, Tzvetan. Introdução à literatura fantástica. São Paulo: Perspectiva, 1975.

VIEIRA JR., Erly. Realismo sensório no cinema contemporâneo. Vitória: Editora da UFES, 2022.

Downloads

Publicado

19-12-2024

Como Citar

Carreiro, R., & Orange, M. de. (2024). Afro-surrealismo, insólito e desobediência epistêmica em Não! Não Olhe!. Revista Eco-Pós, 27(3), 207–230. https://doi.org/10.29146/eco-ps.v27i3.28298