Infonegócios endofascistas

Razões políticas e sociais para a regulamentação das plataformas digitais no Brasil

Autores

  • Eugênio Trivinho PUC-SP

DOI:

https://doi.org/10.29146/eco-ps.v27i1.28196

Palavras-chave:

Infonegócios endofascistas, keynesianismo cibercultural, função socioestrutural, plataformas digitais, regulamentação, neofascismo

Resumo

O artigo reúne as principais razões sociopolíticas para a regulamentação das plataformas digitais no Brasil. No arco das relações entre Big Techs e proliferação social de discursos neofascistas, o recorte empírico da argumentação implica plataformas e applications de relacionamento, participação e divulgação de conteúdo (como YouTube, Facebook, X, Instagram, WhatsApp, Telegram etc.), infestados por grupos, partidos e extenso séquito de extrema direita. Neste ensaio a principal tese reconhece que a abertura das redes sociais a todos os tipos de supremacismo justifica o keynesianismo cibercultural como espécie de antídoto ao neoliberalismo algorítmico. A injunção recobra o ponto crucial da argumentação: o deslocamento estratégico da questão do conteúdo para a problemática da função macroestrutural dos veículos digitais na dinâmica do social. Esse reescalonamento, por sua vez, aclara a significação dos infonegócios endofascistas, condicionadores de quaisquer apropriações e usos sociais, inclusos os de insuflação ao ódio político.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

AGAMBEN, Giorgio. Estado de exceção. São Paulo: Boitempo, 2004 (Coleção Estado de Sítio).

BAUDRILLARD, Jean. À sombra das maiorias silenciosas: o fim do social e o surgimento das massas. Brasiliense: São Paulo, 1985.

BENJAMIN, Walter. Teses sobre filosofia da história. In: Walter Benjamin: sociologia. São Paulo: Ática, 1985. (Coleção Grandes Cientistas Sociais, 50).

BRASIL. Projeto de Lei nº 2.630/2020. Institui a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet. Disponível em: https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1909983&filename=PL%202630/2020.

CUETZPALTZIN, Ayocuan. Que permaneça a Terra! In: Quinze poetas astecas: antologia poética. Tradução de José Agostinho Baptista. Lisboa: Assírio & Alvim, 2006. (Coleção documenta poética, 105).

(Original castelhano: LEÓN-PORTILLA, Miguel. Quince poetas del mundo Náhuatl. México: Diana, 1994.)

EMPOLI, Giuliano da. Os engenheiros do caos. São Paulo: Vertígio, 2019.

KEYNES, John Maynard. The general theory of employment, interest and money. Boston: Houghton Mifflin Harcourt, 2016.

MOROZOV, Evgeny. The net delusion: the dark side of Internet freedom. New York: PublicAffairs, 2011.

MOROZOV, Evgeny. Big Tech: a ascensão dos dados e a morte da política. São Paulo: Ubu, 2018a. (Coleção Exit).

MOROZOV, Evgeny. Capitalismo Big Tech: ¿welfare o neofeudalismo digital? Madrid: Enclave de Libros, 2018b.

SILVEIRA, Sérgio Amadeu da. Tudo sobre tod@s: redes digitais, privacidade e venda de dados pessoais. São Paulo: Sesc-SP, 2017.

SILVEIRA, Sérgio Amadeu da. A democracia no mundo digital: história, problemas e temas. São Paulo: Sesc-SP, 2018.

SILVEIRA, Sérgio Amadeu da. Democracia e os códigos invisíveis: como os algoritmos estão modulando comportamentos. São Paulo: Sesc-SP, 2019.

SILVEIRA, Sérgio Amadeu da. O colonialismo digital e o convite à impotência. Outras Palavras. São Paulo: nov. 2021. Disponível em: https://outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/o-colonialismo-digital-eo-convite-a-impotencia. Acesso em: 17 nov. 2023.

SILVEIRA, Sérgio Amadeu da. Regulação das redes: democracia deve regular plataformas, não o contrário. Tilt UOL. São Paulo: mar. 2023. Disponível em: https://www.uol.com.br/tilt/noticias/redacao/2023/03/21/regulacao-das-redes-democracia-deve-regular-plataformas-nao-o-contrario.htm. Acesso em: 17 nov. 2023.

SIMONIDES. [s/título.] In: PAES, José Paulo. Poemas da antologia grega ou palatina: séculos VII a.C a V d.C. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

TRIVINHO, Eugênio. A dromocracia cibercultural: lógica da vida humana na civilização mediática avançada. São Paulo: Paulus, 2007. (Coleção Comunicação).

TRIVINHO, Eugênio. A explosão do cibermundo: comunicação, velocidade e trans(política) na civilização tecnológica atual. São Paulo: Annablume; Fapesp, 2017.

TRIVINHO, Eugênio. Glocal: visibilidade mediática, imaginário bunker e existência em tempo real. São Paulo: Annablume, 2012.

TRIVINHO, Eugênio. A condição glocal: configurações tecnoculturais, sociopolíticas e econômico-financeiras na civilização mediática avançada. São Paulo: Annablume; Fapesp, 2014.

TRIVINHO, Eugênio. A pós-indústria da infantilização digital. Revista Cult, São Paulo, 18 out. 2021. (7p., em PDF, A4). Disponível em: https://revistacult.uol.com.br/home/industria-infantilizacao. Acesso em: 16 nov. 2023.

TRIVINHO, Eugênio. O que é glocal? Sistematização conceitual e novas considerações teóricas sobre a mais importante invenção tecnocultural da civilização mediática. Revista Matrizes-Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação, Escola de Comunicação e Artes, Universidade de São Paulo (ECA/USP), São Paulo, v. 16, n. 2, maio/ago. 2022, p. 45-68. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/matrizes/article/view/183451/185917. Acesso em: 16 nov. 2023.

Downloads

Publicado

09-06-2024

Como Citar

Trivinho, E. (2024). Infonegócios endofascistas: Razões políticas e sociais para a regulamentação das plataformas digitais no Brasil. Revista Eco-Pós, 27(1), 311–329. https://doi.org/10.29146/eco-ps.v27i1.28196