Corpo, memória e fabulação anticolonial nas colagens visuais de Gê Viana

Autores

  • Fernando Gonçalves Universidade do Estado do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.29146/eco-ps.v26i2.28069

Palavras-chave:

Fotomontagem, Anticolonialidade, Fabulação crítica, Corpo., Memória

Resumo

O artigo discute, apoiado nas noções de ficção especulativa em Jota Mombaça e de fabulação crítica de Saidiya Hartman, o papel que as fotomontagens da artista Gê Viana têm na elaboração de uma crítica anticolonial aos processos de violência contra corpos dissidentes de raça e de gênero e culturas dos povos originários no Brasil. Observando como a artista interfere e adultera imagens de arquivo, a hipótese do texto é que por meio desses procedimentos suas imagens vão constituir um dispositivo fabulador capaz de construir ficções visuais que especulam memórias de futuro e conjuram o trauma colonial. Por meio da análise de alguns de seus principais trabalhos, conclui-se que as fotomontagens da artista reprocessam a memória colonial e as representações de corpos dissidentes, reposicionando-as para além do trauma.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Fernando Gonçalves, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Mestre e Doutor em Comunicação pela UFRJ (1996 e 2003). Realizou pesquisa de Pós-Doutorado em Sociologia do Cotidiano na Universidade Paris V- Sorbonne (2008) com apoio da Capes. Em 2002 foi pesquisador visitante na Tisch School of the Arts (New York University) com apoio do CNPq. Atualmente é professor associado e diretor da Faculdade de Comunicação Social da UERJ e pesquisador do CNPq. É artista visual, fotógrafo e líder do grupo de pesquisa Comunicação, Arte e Redes Sociotécnicas. Suas pesquisas têm como temas principais arte, tecnologia, fotografia, sociabilidade e produção subjetiva.

Referências

ADÈS, D. Photomontage. Londres: Thames & Hudson, 1996.

AGAMBEN, G. Profanações. São Paulo: Boitempo, 2007.

BARRIENDOS, J. Apetitos extremos. La colonialidad del ver y las imágenes-archivo sobre el canibalismo de Indias. Trasversal, 2008. Disponível em: <https://transversal.at/transversal/0708/barriendos/es>. Acesso em: 09 out. 2022.

BENJAMIN, W. Sobre o conceito de História. In: Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Trad. Sérgio Paulo Rouanet. 8ª Ed. (Obras Escolhidas Vol.I). São Paulo: Brasiliense, 2012.

COLLINS, P. H. Black feminist thought: Knowledge, consciousness, and the politics of empowerment. New York: Routledge, 2002.

FANON, F. Pele negra, máscaras brancas. Salvador: EdUFBA, 2008.

FERREIRA DA SILVA, D. Ler a arte como confronto. Revista Logos, v. 27, n. 3, 2020. Disponível em: <https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/logos/article/view/57382>. Acesso em: 10 abr. 2023.

HALBWACHS, M. Los marcos sociales de la memoria. Caracas: Anthropos Editorial, 2004.

HARAWAY, D. La promesa de los monstrous. Una politica regeneradora para otros inapropriados/bles. Politica y Sociedad, n. 30, jan. 1999.

HARAWAY, D. Saberes localizados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial. Cadernos Pagu, Campinas, SP, n. 5, p. 7–41, 2009. Disponível em: <https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cadpagu/article/view/1773>. Acesso: em 22 abr. 2023.

HARTMAN, S. Vênus em dois atos. Revista Eco-Pós, v. 23, n. 3, p. 12–33, 2020. Disponível em: <https://doi.org/10.29146/eco-pos.v23i3.27640>. Acesso em: 04 maio 2023.

LEMOS, B. Herança de capelobo é fazer brotar árvore no umbigo. Catálogo Prêmio Pipa 2020. Disponível em: <https://www.premiopipa.com/2021/03/catalogo-premio-pipa-2020-disponivel-para-download/>. Acesso em: 10 abr. 2023.

MALDONADO-TORRES, N. Sobre la colonialidad del ser: contribuciones al desarrollo de un concepto. In: CASTRO-GÓMEZ, Santiago & GROSFOGUEL, Ramon (coords.) El giro decolonial: reflexiones para uma diversidad epistêmica más allá del capitalismo global. Bogotá: Siglo del Hombre Editores; Universidad Central, Instituto de Estudios Sociales Contemporáneos, Pontificia Universidad Javeriana, Instituto Pensar, 2007.

MARTINS, L. M. Performances do tempo espiralar, poéticas do corpo-tela. Rio de Janeiro: Cobogó, 2022.

MOMBAÇA, J. “O Brasil é uma ficção de poder”. [Entrevista concedida a] Victor Gorgulho. Revista Gama. São Paulo. Agosto de 2022. Disponível em: <https://teatrojornal.com.br/2022/05/este-mundo-tem-que-acabar/>. Acesso em: 10 abr. 2023.

QUIJANO, A. Colonialidade do poder, Eurocentrismo e América Latina. In: Colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: CLACSO, 2005.

RANCIÈRE, J. Partilha do sensível. Estética e política. São Paulo: Ed. 34, 2009.

TENÓRIO, C. Artistas em pesquisa: Gê Viana. Nutrição visual, 10 nov. 2021. Disponível em: <https://nutricaovisual.art.br/historia/artistas-em-pesquisa/ge-viana/>. Acesso em: 10 abr. 2023.

VERAS, L. Gê Viana: corpografias e performances. In Revista Continente, 06 nov. 2020. Disponível em: <https://revistacontinente.com.br/edicoes/239/ge-viana>. Acesso em: 10 abr. 2023.

VIANA, C. Gê Viana: a busca pela paridade com os povos indígenas. Blog About Light, 2018 Disponível em: <https://aboutlightblog.wordpress.com/2018/03/01/ge-viana-a-busca-pela-paridade-em-povos-indigenas/>. Acesso em: 09 abr. 2023.

VIANA, G. Assim fica claro: roubo, colo e pixo. Revista Insight Foto # 3, 2014. Disponível em: <https://issuu.com/revistainsightphoto/docs/revista_insight_photo__3>. Acesso em: 09 abr. 2023.

VIANA, G. Enfrentando os traumas da colonização [Entrevista a] Tania Caliari. Revista Contemporary And América Latina, out. 2020. Disponível em: <https://amlatina.contemporaryand.com/pt/editorial/confronting-the-traumas-of-colonization-ge-viana/>. Acesso em: 10 abr. 2023.

Downloads

Publicado

08-11-2023

Como Citar

Gonçalves, F. (2023). Corpo, memória e fabulação anticolonial nas colagens visuais de Gê Viana. Revista Eco-Pós, 26(2), 293–313. https://doi.org/10.29146/eco-ps.v26i2.28069