A militância bolsonarista em redes online:
polarização afetiva e os impactos à comunicação democrática
DOI:
https://doi.org/10.29146/ecops.v25i2.27892Palavras-chave:
Jair Bolsonaro, comunicação, afetos políticos, TelegramResumo
O artigo discute a interconexão de emoções na comunicação dos apoiadores de Bolsonaro, hospedados em uma comunidade digital na plataforma Telegram. Após dois anos de observação, sustentamos que os afetos, intensamente explorados neste estudo, produzem uma comunicação polarizada ancorada em blocos retóricos complementares e concomitantes de amor ao líder e ódio aos oponentes. Nesse sentido, propomos duas tipologias de culto à liderança: 1) Bolsonaro como maior que a democracia e 2) Bolsonaro como mais importante que os fatos. Defendemos que o bolsonarismo adota uma extensa e diversificada rede de inimigos além da esquerda. Sugerimos que a presença de afetos negativos não é o que torna o “bolsonarismo” potencialmente antidemocrático. O que afeta negativamente a democracia é como esses sentimentos constroem uma política de segregação e destituição do outro, promovendo a restrição democrática, não a expansão.
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