Comunicação e Gênero no Brasil: discutindo a relação

Autores

  • Ana Carolina D. Escosteguy

DOI:

https://doi.org/10.29146/eco-pos.v23i3.27643

Resumo

Trata-se de identificar vinculações entre os estudos de comunicação e questões de gênero, no Brasil. Em chave histórica, destacam-se singularidades dos debates teóricos associados ao feminismo brasileiro e seu impacto na agenda de pesquisa da Comunicação. Desse modo, observam-se modificações pelas quais a pesquisa e suas categorias foram passando ao longo de 1970 até 2015. A partir daí possivelmente se constitua novo impulso ainda em processo. Na arrancada inaugural (1970/1980), sobressai o uso sistemático da categoria mulher; no segundo impulso (1990), embora o termo gênero seja acionado, funciona mais como etiqueta; no terceiro (2000-2015), é a crítica ao pós-feminismo que desponta, evidenciando a primeira convergência entre Sul e Norte. Por fim, o último impulso recente se desenha a partir da primavera feminista e o horizonte aberto pela explosão dos feminismos, impulsionado pelas novas mídias digitais. Contudo, não dá para subestimar a formação na década de 2010 de uma cruzada moral contra o reconhecimento da diversidade de gênero e sexualidade, bem como a ascensão de uma extrema-direita que potencializa e promove um discurso antifeminista.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Ana Carolina D. Escosteguy

Professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFSM, Dra. em Ciências da Comunicação pela ECA/USP, Pesquisadora do CNPq
Email de contato: carolad2017@gmail.com

Referências

BALIEIRO, Fernando. “Não se meta com meus filhos”: a construção de um pânico moral da criança sob ameaça. Cadernos Pagu, 53, 2018, s/p.

BENETTI, Fernando. A bicha louca está fervendo: uma reflexão sobre a emergência da Teoria Queer no Brasil (1980-2013). TCC em História, UDESC, Florianópolis, 2013.

BOSI, Eclea. Prefácio à primeira edição. In BUITONI, Dulcília S. Mulher de papel: a representação da mulher na imprensa feminina brasileira. São Paulo: Summus Editorial, 2009, p.17-19.

BOSI, Eclea. Cultura de massa e cultura popular: Leituras de operárias. Petrópolis: Vozes, 1978.

BUITONI, Dulcília S. Mulher de papel: a representação da mulher na imprensa feminina brasileira. São Paulo: Summus Editorial, 2009, p. 11-16.

BRUSCHINI, Cristina; PINTO, Celi Regina (orgs.). Tempos e lugares de gênero. São Paulo: Editora 34, 2001.

CALIGARIS, Contardo. A turba da Uniban. Folha de São Paulo, 5/11/2009. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq0511200929.htm. Acessado em: 18 fev 2019.

COUTINHO, Lucia. Antônia sou eu, Antônia é você: Identidade de mulheres negras na televisão brasileira. Dissertação de Mestrado, PUCRS, 2010.

CORUJA, Fernanda. Comunicação e feminismo: um panorama a partir da produção de teses e dissertação do campo da comunicação entre 2010-2015. Artemis, vol XXV, n. 1, jan/jun, 2018, pp. 148-162.

ESCOSTEGUY, Ana Carolina. A contribuição do olhar feminista. Intexto, 1 (3), 1998, pp. 1-11.

______. Os estudos de recepção e as relações de gênero: algumas anotações provisórias. Ciberlegenda, Rio de Janeiro, 7, 2002, s/p.

ESCOSTEGUY, Ana Carolina; MESSA, Márcia. Os estudos de gênero na pesquisa em comunicação no Brasil. In ESCOSTEGUY, A. C. (orgs) Comunicação e Gênero: a aventura da pesquisa. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2008. E-book em acesso livre http://www.pucrs.br/edipucrs/comunicacaoegenero.pdf

ESCOSTEGUY, A. C. (org.) Comunicação e Gênero: a aventura da pesquisa. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2008. E-book em acesso livre http://www.pucrs.br/edipucrs/comunicacaoegenero.pdf

______. Pensando as relações entre mídia e gênero através de histórias pessoais: o caso brasileiro. Derecho a Comunicar, Cidade do México, n. 4, 2012, p. 174-186.

FERREIRA, Ceiça. Lacunas nos estudos de comunicação e cinema no Brasil: feminismo (intersecções de gênero e raça) e recepção fílmica. Matrizes, v. 11, n. 3, 2017, pp 169-195.

GOMES, Carla; SORJ, Bila. Corpo, geração e identidade: a Marcha das vadias no Brasil. Revista Sociedade e Estado, 29 (2), 2014, pp. 433-447.

GROSSI, Miriam. De Angela Diniz a Daniela Perez: a trajetória da impunidade. Estudos Feministas, n. 1, 1993, pp. 166-168.

HOLLOWS, Joanne. Feminismo, estudios culturales y cultura popular. Lectora, n. 11, 2005, p. 15-28.

JACKS, Nilda; MENEZES, D.; PIEDRAS, Elisa. Meios e audiências: A emergência dos estudos de recepção no Brasil. Porto Alegre: Sulina, 2008.

LEAL, Tatiane. A mulher poderosa: construções da vida bem-sucedida feminina no jornalismo brasileiro. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura, UFRJ, 2015.

LURZER, Carolina Justo von. Oportunidades, ausencias y desafios. Los estudos de comunicación y género en Argentina. Revista Latino-Americana de Ciencias de la Comunicación – Revista ALAIC, vol 15, n. 29, 2018, pp. 260-273.

MARTINEZ, Monica; LAGO, Cláudia; LAGO, Mara. Estudos de gênero na pesquisa em jornalismo no Brasil: uma tênue relação. Revista FAMECOS, 23 (2), 2016, s/p.

MATOS, Marlise. Teorias de gênero ou teorias e gênero? Se e como os estudos de gênero e feministas se transformaram em um campo novo para as ciências. Estudos Feministas, Florianópolis, 16 (2), 2008, pp. 333-357.

MEIRELLES, Clara. Prazer e resistência: A legitimação do melodrama nos contextos acadêmicos. Dissertação de Mestrado, Comunicação e Cultura, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2009.

MESSA, Márcia. As mulheres só querem ser salvas: Sex and the City e o pós-feminismo. Dissertação de Mestrado, PPGCOM/PUCRS, 2006.

McROBBIE, Angela. Post-feminism and popular culture: Bridget Jones and the new gender regime. In: CURRAN, J.; MORLEY, D. (eds) Media and cultural theory. Londres: Routledge, 2006, p. 59-69.

MISKOLCI, Richard; CAMPANA, Maximiliano. “Ideologia de gênero”: notas para a genealogia de um pânico moral contemporâneo. Revista Sociedade e Estado, 332 (3), 2017, pp. 725-747.

MONTORO, Tânia; FERREIRA, Ceiça. Gênero e raça: um mergulho nos estudos de comunicação e recepção. Animus, vol. 13, n 25, 2014, pp. 1-24.

PINTO, Celi Regina. Uma história do feminismo no Brasil. Editora Fundação Perseu Abramo, São Paulo, 2003.

RIBEIRO, Djamila. O que é lugar de fala? Belo Horizonte: Letramento, 2017.

RICHARD, Nelly (2002) Feminismo e desconstrução: novos desafios críticos. In: RICHARD, N. Intervenções críticas: Arte, cultura gênero e política. Belo Horizonte: UFMG, 2002, pp. 156-172.

RODRIGUES, Cristiano; ASSIS, Mariana. (2018) Academic Feminism and Exclusion in Brazil: Bringing Back Some of the Missing Voices. In: Kahlert H. (eds) Gender Studies and the New Academic Governance. Springer VS, Wiesbaden. https://doi.org/10.1007/978-3-658-19853-4_8

RUBIM, Lindinalva. A representação feminina na TV brasileira. Trabalho apresentado no X Congresso da Compós, Brasília, 2001. Disponível em: http://www.compos.org.br/data/biblioteca_1324.pdf

RUDIGER, Francisco; ESCOSTEGUY, Ana Carolina. Brazilian Research in Communication: Historical Synopsis and Reflexive Trends of Academic Work in a Emerging Country. In AVERBECK, Stefanie. Kommunikations-wissenschaft im internationalen Vergleich – Trnasnationale Perspektiven. Bremen, Springer VS, 2017, pp. 359-382.

SANTOS, Giselle Cristina dos Anjos. Os estudos feministas e o racismo epistêmico. Revista Gênero, v. 16 (2), 2016, pp. 7-32.

SARQUES, Jane. A ideologia sexual dos gigantes. Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 1986.

SCHMIDT, Simone Pereira. O feminismo nas páginas dos jornais: revisitando o Brasil dos anos 70 aos 90. Revista Estudos Feministas, vol. 8, n. 2, 2000, p. 77-90.

SIFUENTES, Lírian; SILVEIRA, Bruna; OLIVEIRA, Janaína. Mídia e relações de gênero nas publicações feministas brasileiras. Derecho a comunicar, n. 4, jan.abr, 2012, p.187-203.

SILVA, Fernanda Nascimento da. Bicha (nem tão má) – LGBTs em telenovelas. Rio de Janeiro: Multifoco, 2015.

SILVA, Lourdes; JOHN, Valquíria. Identidades de gênero nos estudos de recepção de telenovela: um olhar sobre a produção stricto sensu da última década. Revista FAMECOS, vol. 23, n. 2, maio-jun-jul-ago, 2016, s/p.

SOIHET, Raquel. Zombaria como arma antifeminista: instrumento conservador entre libertários. Estudos Feministas, 13 (3), 2005, pp. 591-611.

SORJ, Bila. Depoimento. In HOLLANDA, Heloísa Buarque de (org.). Explosão feminista: arte, política e universidade. São Paulo: Companhia das Letras, 2018, pp. 445-452.

TELES, Amélia; LEITE, Rosalina. Da guerilha à imprensa feminista: a construção do feminismo pós-luta armada no Brasil (1975-1980). São Paulo: Intermeios, 2013.

TOMAZETTI, Tainan. Genealogias dissidentes: os estudos de gênero nas teses e dissertações em comunicação no Brasil (1972-2015). FABICO/UFRGS, Porto Alegre, 2019.

WAJCMAN, Judy. TIC e inequidad: ganancias en red para las mujeres?. Revista Educación Y Pedagogía, Vol 24 (62), 2012, pp. 117-134.

WILLIAMS, Raymond. (2011). O futuro dos estudos culturais. In: Williams, R. Política do modernismo – Contra os novos conformistas. São Paulo: UNESP.

Downloads

Publicado

24-12-2020

Como Citar

Escosteguy, A. C. D. (2020). Comunicação e Gênero no Brasil: discutindo a relação. Revista Eco-Pós, 23(3), 103–138. https://doi.org/10.29146/eco-pos.v23i3.27643