Como é que é 'ver através' uma fotografia
DOI:
https://doi.org/10.29146/eco-pos.v23i3.27615Resumo
A exposição do argumento de que as fotografias são transparentes, por Kendall Walton, está longe de ser simplória e envolve carga conceitual sofisticada, dentro do campo analítico-cognitivo. Mas podemos ir além disto. O fato da imagem-câmera fotográfica de ser transparente, conforme exposto por Kendall, não implica consequência sobre matéria do mundo ser manipulada, alterada ou fatiada. A transparência apenas indica que é ‘vendo através’ que percebemos o que nos é indicado. É deste patamar que emerge o campo da subjetividade que abriga o que chega de lá, pela transparência. É coisa própria do mundo, ser-aí que habitamos em nossa intuição ou percepção, ao interagirmos com outras coisas e seres. A conformação imagética da imagem-câmera interage sobre a radical indeterminação da presença na tomada, conforme ela transcorre grudada no fluxo da duração. A encenação na tomada, sua mise-em-scène, é um modo de ‘morar’ na indeterminação radical do acontecer que nos habita como existência. Ela, encenação, potencializa assim a exterioridade num ‘de-fora’, num aderir ao mundo que, neste modo, a conformação maquínica fotográfica/audiovisual inaugura. Encontra-se nesta imagem, uma espécie de recuo de mim no estar-aí do ser.
PALAVRAS CHAVE: Teoria da Fotografia, Imagem-Câmera, Tomada, Transparência, Cognitivismo, Fenomenologia.
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