Respira fundo e prende: um pequeno raio-X da ecodistopia no cinema brasileiro, do regime militar aos militares no regime

Autores

  • Alfredo Suppia Universidade Estadual de Campinas

DOI:

https://doi.org/10.29146/eco-pos.v23i2.27528

Resumo

O conflito (ou contraponto) entre a modernidade e a natureza sempre teve um papel de destaque na literatura brasileira de FC. A partir do final da década de 1960, esse conflito se intensifica em especulações cinematográficas sobre o futuro do Brasil e do mundo diante de catástrofes ambientais possíveis. Nesse período, ao longo das décadas de 70 e 80, o debate ecológico em alguns filmes brasileiros, frente à polêmica política nacional sobre questões ambientais, tornou-se uma via de acesso efetiva em termos de crítica ao regime ditatorial – e também uma maneira de se evitar a censura, aproveitando-se de códigos de gênero e de uma agenda mundial para se protestar contra um governo militar autoritário. Mas a ecodistopia no cinema brasileiro não se limitou ao período da ditadura e, hoje, parece ter seu interesse reavivado, seja pela aparição de curtas e longas com temática direta ou indiretamente ambientalista, seja pelo retorno do ambientalismo como bandeira de resistência contra o governo de extrema direita que assumiu o poder em 2019. O objetivo deste artigo é apresentar e discutir alguns exemplos da ecodistopia no cinema brasileiro, uma manifestação quase sempre associada ao gênero FC.

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Biografia do Autor

Alfredo Suppia, Universidade Estadual de Campinas

Professor e pesquisador de cinema e audiovisual. Depto. de Cinema, Unicamp.

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Publicado

21-11-2020

Como Citar

Suppia, A. (2020). Respira fundo e prende: um pequeno raio-X da ecodistopia no cinema brasileiro, do regime militar aos militares no regime. Revista Eco-Pós, 23(2), 188–216. https://doi.org/10.29146/eco-pos.v23i2.27528