Imagem e desmatamento: paisagem, perspectiva e expansão colonial

Autores

  • Pedro Urano de Carvalho Doutorando em Linguagens Visuais, PPGAV-EBA-UFRJ
  • André Reyes Novaes UERJ

DOI:

https://doi.org/10.29146/eco-pos.v23i2.27507

Resumo

O artigo analisa um grupo de imagens (iluminuras, pinturas, mapas e baixos-relevos) que figuram a prática do desmatamento de áreas florestadas. Compreendido num intervalo de cerca de cem anos, entre meados dos séculos XV e XVI, o recorte temporal escolhido é contemporâneo do surgimento do conceito de paisagem na Europa, do desenvolvimento da perspectiva unifocal e da expansão colonial, que ‘exportou’ uma maneira característica de se relacionar com o território através do Atlântico. A história do desmatamento também é visual.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Pedro Urano de Carvalho, Doutorando em Linguagens Visuais, PPGAV-EBA-UFRJ

Cineasta e artista visual. Mestre em História das Ciências, das Técnicas e Epistemologia pela UFRJ. Doutorando em Linguagens Visuais na Escola de Belas Artes da UFRJ. Professor da pós-graduação em cinema documentário da FGV-Rio. Realizou os longas ‘Estrada Real da Cachaça’ (melhor doc Rio e Mar del Plata IFF) e ‘HU’ (melhor doc Tiradentes e Monterrey); e da série ‘Inhotim Arte Presente’, que recebeu o GP do Cinema Brasileiro. Atualmente, está montando ‘Subterrânea’, seu primeiro longa de ficção.

André Reyes Novaes, UERJ

Professor Adjunto do Departamento de Geografia Humana e do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Pesquisador Honorario Associado do Departamento de Geografia da Royal Holloway University of London. Doutorado em Geografia Humana (Programa de Pós-graduação em Geografia - UFRJ)

Referências

ALIGHIERI, Dante. A Divina Comédia. São Paulo: Atena Editora, 2003.

ALLOA, Emmanuel. Entre a transparência e a opacidade – o que a imagem dá a pensar. In ALLOA, Emmanuel (org.). Pensar a Imagem. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2015, p. 7-19.

ANÔNIMO. A Epopeia de Gilgamesh. São Paulo: Martins Fontes, 2011.

BERQUE, Augustin. Thinking through landscape. Nova York: Routledge, 2013.

BUONO, Amy. Representing the Tupinambá and the Brazilwood Trade in Sixteenth-Century Rouen. In FÉLIX, Regina R.; JUALL, Scott D. (org.). Cultural Exchanges between Brazil and France. West Lafayette: Purdue University Press, 2016, p. 19-34.

CAMÕES, Luís de. Os Lusíadas. Lisboa: Instituto Camões, 2000.

COSGROVE, Denis E. Social Formation and Symbolic Landscape. Madison: University of Wisconsin Press, 1998 [1984].

CRONE, Gerald R. (org). The Voyages of Cadamosto and Other Documents on Western Africa in the Second Half of the Fifteenth Century. Londres: Hakluyt Society, 1937.

DEAN, Warren. With Broadax and Firebrand: The Destruction of the Brazilian Atlantic Forest. Berkeley: University of California, 1995.

DIDI-HUBERMAN, Georges. The Surviving Image: Aby Warburg and Tylorian Anthropology. In Oxford Art Journal, Volume 25, Issue 1, p. 59–69. Oxford: Oxford University Press, 2002. Disponível em https://academic.oup.com/oaj/article-abstract/25/1/59/1449629. Acesso em 13 mar 2020.

DIDI-HUBERMAN, Georges. A imagem sobrevivente: história da arte e tempo dos fantasmas segundo Aby Warburg. Rio de Janeiro: Contraponto, 2013.

HULME, Peter. Colonial Encounters: Europe and the Native Caribbean, 1492-1797. London: Routledge, 1992.

KOPENAWA, Davi. Urihi A in Urihi a: a terra-floresta yanomami (Bruce Albert + William Milliken). São Paulo: Instituto Socioambiental, 2009.

KWIATKOWSKA, Teresa. The sadness of the wood is bright: deforestation and conservation in the middle ages. In Medievalia n. 39. Mexico, DF: Universidade Autónoma de México, 2007.

LAVIN, Irving. Iconography as a Humanistic Discipline ("Iconography at the Crossroads"). In: CASSIDY, B. (1993): Iconography at the Crossroads. Papers from the Colloquium sponsored by the Index of Christian art Princeton University. Princeton University Press, 1993.

MENESES, Ulpiano T. Bezerra de. A paisagem como fato cultural. In YÁGIZI, Eduardo (org.). Turismo e Paisagem. São Paulo: Contexto, 2002.

MITCHELL, W. J. T. Imperial Landscape. In MITCHELL, W. J. T. (org.) Landscape and Power. Chicago: University of Chicago Press, 2002.

MONDZAIN, Marie-José. A imagem entre proveniência e destinação. In ALLOA, Emmanuel (org.). Pensar a Imagem. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2015, p. 39-54.

OPPENHEIM, A. Babylonian and Assyrian Historical Texts. In PRITCHARD, J. (org) Ancient Near Eastern Texts Relating to the Old Testament. New Jersey: Princeton University Press, 1969.

PANOFSKY, Erwin. Perspective as Symbolic Form. New York. Zone Books, 1997 [1925].

PERLIN, John. A forest journey. Nova York: Coutryman Press, 2005 [1986].

PERLIN, John. História das Florestas. Rio de Janeiro: Imago Editora, 1992.

POWNALL, Thomas. A topographical description of the dominions of the United States of America. Pittsburgh: University of Pittsburgh Press, 1949.

RODRIGUES, Sérgio. ‘Brasileiro’, a palavra, já nasceu pegando no pesado. Blog Sobre palavras (Revista Veja), 2013. Disponível em: https://veja.abril.com.br/blog/sobre-palavras/brasileiro-a-palavra-ja-nasceu-pegando-no-pesado/ Acesso em 7 set 2019.

SOUZA, Laura de Mello e. O nome do Brasil. In Revista de História, n. 145, 2001, p. 61-86.

TSING, Anna Lowenhaupt. The mushroom at the end of the world : on the possibility of life in capitalist ruins. New Jersey, Princeton University Press, 2015.

TSING, Anna Lowenhaupt. Salvage Accumulation, or the Structural Effects of Capitalist Generativity. In Theorizing the Contemporary, Fieldsights, March 30, 2015b. Disponível em: https://culanth.org/fieldsights/salvage-accumulation-or-the-structural-e ects-of-capitalist- generativity. Acesso em: 7 mai 2020.

VEBLEN, Thorstein. A theory of the leisure class. Nova York: Oxford University Press, 2009 [1899].

VIDAL, Laurent. La présence française dans le Brésil colonial au XVIe siècle. In Cahiers des Amériques latines, n.34, p.17-38. Paris: Institut des hautes études de l'Amérique latine, 2000. Disponível em http://journals.openedition.org/cal/6486. Acesso em 2 mai 2020.

WHISTLER, Catherine. Paolo’s Uccello’s The Hunt in the Forest. Oxford: Ashmolean Museum, 2001.

Referências visuais

ANÔNIMO. Painel da fachada do Hôtel l’Isle-du-Brésil (direito). c. 1530-1550 Baixo-relevo em madeira, 52 x 221 cm. /fig. 9 e 10

ANÔNIMO. Painel da fachada do Hôtel l’Isle-du-Brésil (esquerdo). c. 1530-1550 Baixo-relevo em madeira, 53 x 170 cm. /fig. 10

BOTTICELLI, Sandro. Nastagio degli Onesti, primo episodio. 1483. Pintura, têmpera sobre madeira, 83 x 138 cm. /fig. 3

BOTTICELLI, Sandro. Nastagio degli Onesti, secondo episodio. 1483. Pintura, têmpera sobre madeira, 82 x 138 cm. /fig. 4

BOTTICELLI, Sandro. Nastagio degli Onesti, terzo episodio. 1483. Pintura, têmpera sobre madeira, 83 x 142 cm. /fig. 5

BOTTICELLI, Sandro. Nastagio degli Onesti, quarto episodio. 1483. Pintura, têmpera sobre madeira, 83 x 142 cm. /fig. 6

HOMEM, Lopo; REINEL; Pedro; REINEL, Jorge; HOLANDA, Antonio de. Carta do Brasil. 1519. Mapa iluminado. /fig. 7

LIMBOURG, Paul de. Février, folio 2. in Les Très Riches Heures du duc de Berry. FRÈRES DE LIMBOURG; VAN EYCK, Barthelémy (?); COLOMBE, Jean. 1411-1416, 1440, 1485-1486. Livro de iluminuras medieval, 29 x 21 cm. /fig. 1

ROTZ, Jean. Carta da costa ocidental da América do Sul do paralelo 6 S até o Estreito de Magalhães. In Boke of Idrography. c. 1535-1542. Mapa iluminado, 52 x 30 cm. /fig. 8

UCCELLO, Paolo. Caccia notturna. 1470. Pintura, têmpera sobre madeira, 65 x 165 cm. /fig. 2

Downloads

Publicado

21-11-2020

Como Citar

de Carvalho, P. U., & Novaes, A. R. (2020). Imagem e desmatamento: paisagem, perspectiva e expansão colonial. Revista Eco-Pós, 23(2), 127–162. https://doi.org/10.29146/eco-pos.v23i2.27507