O Big Bang tropicalista: mediações sensíveis entre os Beatles e a Banda de Pífanos de Caruaru (PE)

Autores

  • Amilcar Almeida Bezerra Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
  • Luiz Ribeiro Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

DOI:

https://doi.org/10.29146/eco-pos.v23i1.27479

Resumo

Em 1967, Gilberto Gil assistiu pela primeira vez a uma apresentação da Banda de Pífanos de Caruaru (PE), encontro considerado marcante para sua carreira. Ainda sob o impacto da audição do então recém-lançado single Strawberry Fields Forever, dos Beatles, gravado em Londres com os recursos tecnológicos mais avançados da indústria fonográfica da época, Gil teve um insight ao perceber semelhanças entre as sonoridades dos dois grupos. O episódio é relatado por ele em entrevistas como uma experiência seminal para a posterior criação do movimento Tropicália. Neste artigo, utilizamos  alguns  elementos  da  teoria  do  ator-rede (Latour,  2012) para compreender de que maneira uma canção pôde atuar, neste caso, como mediadora de sensibilidades, sugerindo novas leituras do mundo e proporcionando novas empreitadas criativas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Amilcar Almeida Bezerra, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

Professor do Núcleo de Design e Comunicação do Campus Agreste e do Programa de pós-graduação em Música do Campus Recife da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), com estágio de pós-doutorado concluído no programa de pós-graduação em Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) sob a supervisão do prof. Igor Sacramento (2019). Desenvolve pesquisas nas interfaces entre Comunicação, memória, música e identidade.  Lidera o Grupo de Estudos em Crítica Cultural e Artes (GECCA, integra a equipe nacional de pesquisadores do Inventário Nacional das Matrizes Tradicionais do Forró e atua como cantor e compositor na banda Joana Francesa.

Luiz Ribeiro, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

Estudante do curso de Comunicação Social do Campus Agreste da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)  e voluntário do Programa de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) do Cnpq, no qual desenvolve pesquisa sobre a vida e a obra do compositor caruaruense Carlos Fernando (1938-2013).  É membro do Grupo de Estudos em Crítica Cultural e Artes (GECCA), integra a equipe de editores e articulistas do portal de Jornalismo Cultural Café Colombo e atua como cantor e compositor nas bandas Rasga Mortalha e Joana Francesa.

Referências

ALONSO, G. Tomorrow Never Knows: as influências da música no Brasil. Estudos Universitários. Recife, v. 34, n. 1 e 2, p. 17-38, set. 2017.

APPADURAI, Arjun. Dimensões culturais da globalização: a modernidade sem peias. Lisboa: Teorema, 1996

AZEVEDO, Geraldo. Entrevista realizada por Amilcar Almeida Bezerra em 26 de Julho de 2018.

BEATLES, The. The Beatles Anthology. San Francisco: Chronicle Books, 2000.

DEROGATIS, Jim. Turn on Your Mind: Four Decades of Great Psychedelic Rock. Milwaukee, WI: Hal Leonard, 2004.

GIL, Giberto. A Receita secreta do Tropicalismo: uma mistura de Caruaru com Liverpool. Entrevista a Geneton Moraes Neto. In: Revista Continente Multicultural. Ano I, n. 11, nov. 2001. p. 6-15

KOZINN, Allan. The Beatles. London: Phaidon, 1995

LATOUR, Bruno. Reagregando o social: uma introdução à teoria do ator-rede. Salvador: EDUFBA, 2012.

LOPES, Mário. “Chamavam-lhe o "quinto Beatle”, George Martin foi muito mais do que isso. Caderno Ìpsilon. Público, Lisboa. 9 mar. 2016. Disponível em: <https://www.publico.pt/2016/03/09/culturaipsilon/noticia/morreu-george-martin-o-quinto-beatle-1725616>. Acesso em: 27 mar. 2018.

JULIEN, Olivier. Their production will be second to none”: an introduction to Sgt. Pepper’s. In: JULIEN, Olivier (Org.). Sgt. Pepper’s and The Beatles: it was fourty years ago today. Hampshire: Ashgate, 2008. p 1-9

PEDRASSE, Carlos Eduardo. Banda de pífanos de Caruaru: uma análise musical. Dissertação de Mestrado. Instituto de Artes. Universidade de Campinas. Campinas, 2002. 289 p.

MARTIN, George. Paz, amor e Sgt. Pepper: os bastidores do disco mais importante dos Beatles. 2. ed. Rio de Janeiro: Sonora, 2017.

ROBBINS, Bruce. Comparative cosmopolitanism. Social Text, n. 31/32, Third World and

Post-Colonial Issues, 1992, p. 169-186.

RODRIGUES, Joana. Gil Chora. In: Revista Continente Multicultural. Ano I, n. 11, nov. 2001 p. 16-18

SCHWARZ, Roberto. Cultura e política. São Paulo: Paz e Terra, 2001.

SILVA, Luiz Antonio da. (Org.). Beatles por eles mesmos. São Paulo: Martin Claret, 2004.

VELHA, Cristina Eira. Significações Sociais, Culturais e simbólicas na trajetória da banda de pífanos de Caruaru e a problemática histórica do estudo da cultura de tradição oral no Brasil (1924-2006). Dissertação de Mestrado. Departamento de História. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Universidade de São Paulo. São Paulo, 2008. 307 p.

VELOSO, Caetano. Verdade Tropical. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.

_______________. O som do Vinil. Entrevista a Charles Gavin. Exibido e 11 jul. 2011. Disponível em: <http://osomdovinil.org/caetano-veloso-araca-azul/> Acessso em 21 mai. 2018.

TOWNSHEND, Pete. ‘I know that it’s a dream’. In: MOJO, Special Edition: John

Lennon – His Life, His Music, His People, His Legacy. Peterborough: Bauer, 2000. p. 146.

WHITEHEAD, John. 50 Years After the Beatles: Isn’t It Time for Another Political & Cultural Revolution? The Rutherford Institute. 3. Fev. 2014. Disponível em: <https://www.rutherford.org/publications_resources/john_whiteheads_commentary/50_years_after_the_beatles_isnt_it_time_for_another_political_cultural> Acesso em: 25 de março de 2018.

Downloads

Publicado

08-08-2020

Como Citar

Bezerra, A. A., & Ribeiro, L. (2020). O Big Bang tropicalista: mediações sensíveis entre os Beatles e a Banda de Pífanos de Caruaru (PE). Revista Eco-Pós, 23(1), 140–165. https://doi.org/10.29146/eco-pos.v23i1.27479