Timbre como diferenciação para além do gênero musical: materialidades e semioses nas obras de Rakta e KOKOKO!

Autores

DOI:

https://doi.org/10.29146/eco-pos.v23i1.27430

Resumo

Este artigo visa compreender como gêneros de música pop expandem suas fronteiras através de processos de diferenciação, principalmente na atualização de sua diversidade timbrística. O timbre é uma qualidade sonora que opera afetivamente, forçando diferentes corpos sonoros a se misturarem entre si. Afecções desta ordem podem ocorrer, por exemplo, nas canções de artistas que arranjam seus instrumentos musicais e demais equipamentos de forma atípica. Observamos a relação entre estes agentes a partir da Teoria das Materialidades da Comunicação. Além disso, entrelaçamos a Semiótica da Cultura com as Teorias do Afeto para compreender as processualidades dos encontros culturais e semânticos fronteiriços, acionados nas afecções dos timbres. Como exemplo prático, observamos o caso do pós-punk com a banda brasileira Rakta, e do world music com o conjunto congolês KOKOKO!, de modo a contribuir no entendimento das dimensões políticas do timbre. O artigo ainda pretende repensar as relações políticas e os enfrentamentos sonoros provocados no contexto do Sul Global.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Marcelo Bergamin Conter, Instituição Federal do Rio Grande do Sul (IFRS)

Professor EBTT de Produção Fonográfica no IFRS. Realizou pós-doutorado em Comunicação na Unisinos (Bolsista da CAPES, Projeto 88881.030393/2013-01) onde integrou a pesquisa Creative Industries, Cities and Popular Music Scenes: The Social Media Mapping of Urban Music Scenes. É doutor e mestre pela UFRGS, com doutorado sanduíche (CAPES) pela Columbia University (Nova Iorque). Em 2013, publicou seu primeiro livro, "Imagem-música em vídeos para web" e, em 2016, sua segunda publicação, "LO-FI – Música pop em baixa definição". É membro das bandas Musical Amizade e Gentrificators. Tem experiência na área de Comunicação, com ênfase em Teoria da Comunicação, atuando principalmente nos seguintes temas: materialidades da comunicação; semiótica; música pop; música amadora; cultura digital; audiovisualidades. Integra o Grupo de Pesquisa Sonoridades, Imagem, Materialidades da Comunicação e Cultura (SIMC/IFRS). Integra também o Grupo de Pesquisa Semiótica e Culturas da Comunicação (GPESC/UFRGS) e o Grupo de Estudos Imagem, Sonoridades e Tecnologia (GEIST/UFSC). Também é produtor de áudio.

Nilton Faria de Carvalho, Universidade Metodista de São Paulo. Comunicação Social

Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Metodista de São Paulo. Mestre em Comunicação pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS) e graduado em Jornalismo pela mesma instituição. Membro do grupo de pesquisa Mídia, Arte e Cultura, estuda experimentalismos, hibridizações, métodos de oficinas de escuta musical, diferenças na experiência comunicacional da música pop, trabalho financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoas de Nível Superior (CAPES).

Referências

AGAMBEN, G. A imanência absoluta. In: ______. A potência do pensamento: ensaios e conferências. Belo Horizonte (MG): Autêntica, 2017, p. 331-357.

AMARAL, A. Categorização dos gêneros musicais na Internet – Para uma etnografia virtual das

práticas comunicacionais na plataforma social Last.fm. In: FREIRE FILHO, J.; HERSCHMANN, M. (orgs.). Novos rumos da cultura da mídia: indústrias, produtos e audiências. Rio de Janeiro, Mauad, 2007. p. 227-242.

BENJAMIN, W. Sobre o conceito da história. In: _____. Magia e técnica, arte e política. (Obras escolhidas, v. 1). 3. ed. São Paulo: Brasiliense, 1987, p. 222-232.

BOREGAS, C. Depoimento [nov. 2019]. Entrevistadores: AUTOR. Porto Alegre: Agulha, 2019. Arquivo digital de áudio. Entrevista concedida ao Projeto XXXXXXXXXXXXXX.

CONNELL, J.; GIBSON, C. World music: deterritorializing place and identity. Progress in Human Geography. V. 28, n. 3, p. 342-361, 2004.

DELEUZE, G. Lógica do sentido. São Paulo: Perspectiva, 2007.

______. Spinoza e as três éticas. In: DELEUZE, G. Crítica e clínica. Rio de Janeiro: Editora 34, 1997, p. 156-170.

FRITH, S. The Discourse of World Music. In: BORN, G.; HESMONDHALGH, D. Western music and its others: difference, representation, and appropriation in music. California: University of California Press, 2000, p. 305-322.

GUMBRECHT, H. U. Produção de presença: o que o sentido não consegue transmitir. Rio de Janeiro: Contraponto, 2010.

HOWARD, D. From Ghetto Laboratory to the Technosphere: The influence of Jamaican studio techniques on popular music. Proceedings of the 2008 Art of Record Production Conference, University of Massachusetts Lowell, Fri 14th – Sun 16th November 2008.

JANOTTI Jr, J.À procura da batida perfeita: a importância do gênero musical para a análise da música popular massiva. Revista Eco-Pós. Rio de Janeiro. UFRJ. Vol. 6, n.2, 2003, p31-46. Disponível em: <https://revistas.ufrj.br/index.php/eco_pos/article/view/1131>. Acesso em 21 jun. 2019.

JANOTTI Jr, J.; PEREIRA DE SÁ, Simone. Revisitando a noção de gênero musical em tempos de cultura musical digital. XXVII Encontro Anual da Compós, PUC-MG, Belo Horizonte, 05 a 08 de junho de 2018. Anais. Disponível em: <http://www.compos.org.br/data/arquivos_2018/trabalhos_arquivo_P68BF9GO895W6B37YQXZ_27_6266_09_02_2018_07_30_30.pdf>. Acesso em 21 jun. 2019.

LAPOUJADE, D. As existências mínimas. São Paulo: N-1 Edições, 2017.

LOTMAN, I., M. La semiosfera I. Semiótica da cultura y del texto. Madri: Ediciones Frónesis Cátedra Universitat de Valencia, 1996.

MBEMBE, A. Variations on the beautiful in the congolese world of sounds. Politique Africaine, v. 100, n. 4, p. 69-91, 2005.

MONTEIRO, M.; VIANA, L. R.; NUNES, C. G. Possíveis abordagens metodológicas em pesquisas sobre cenas e gêneros musicais. XXVIII Encontro Anual da Compós, PUC-RS, Porto Alegre, 11 a 14 de junho de 2019. Anais. Disponível em: <http://www.compos.org.br/biblioteca/trabalhos_arquivo_G8G5OIUK3EF8AANBEPHB_28_7838_22_02_2019_14_25_25.pdf>. Acesso em 21 jun. 2019.

PEREIRA DE SÁ, S. Se vc gosta de Madonna também vai gostar de Britney! Ou não? Gêneros, gostos e disputa simbólica nos Sistemas de Recomendação Musical – Brasília, Revista E-Compós. Vol. 12. N.2, 2009. Disponível em http://www.e-compos.org.br/e-compos/article/download/395/360/. Acesso em 21 jun. 2019.

RAKTA. RAKTA. Gravado por Sandro Garcia. São Paulo: Dama da Noite Discos & Nada Nada Discos, 2013/2014. 1 disco sonoro (25 min), 45rpm, estéreo., 12 pol.

REBELLATO, P. Depoimento [nov. 2019]. Entrevistadores: AUTOR. Porto Alegre: Agulha, 2019. Arquivo digital de áudio. Entrevista concedida ao Projeto XXXXXXXXXXXXXX.

REYNOLDS, S. Rip it up and start again: post-punk 1978–1984. London: Penguin Books, 2006.

SEIGWORTH, G. J.; GREGG, M. An inventory shimmers. In: The affect theory reader. Durham: Duke University Press, 2010. p. 1-25.

SILVEIRA, F. Rupturas Instáveis. Entrar e sair da música pop. Porto Alegre: Libretos, 2013.

TAKARA, M. Depoimento [nov. 2019]. Entrevistadores: AUTOR. Porto Alegre: Agulha, 2019. Arquivo digital de áudio. Entrevista concedida ao Projeto XXXXXXXXXXXXXX.

TRENTO, F. B.; VENANZONI, T. S. Afetos contemporâneos e comunicação – algumas perspectivas. Rumores. Nº 16, v. 8, jul./dez., p. 109-128, 2014. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/Rumores/article/view/89641. Acesso em 21 jun. 2019.

TROTTA, F. Gêneros musicais e sonoridade: construindo uma ferramenta de análise. Revista Ícone, v. 10, n. 2, p. 1-12, 2008. Disponível em: <https://periodicos.ufpe.br/revistas/icone/article/view/230128>. Acesso em 21 jun. 2019.

Downloads

Publicado

08-08-2020

Como Citar

Conter, M. B., & Carvalho, N. F. de. (2020). Timbre como diferenciação para além do gênero musical: materialidades e semioses nas obras de Rakta e KOKOKO!. Revista Eco-Pós, 23(1), 166–190. https://doi.org/10.29146/eco-pos.v23i1.27430