Sobre nossa paixão indicial de cada dia: entre o reality show e a imagem delatora

Autores

  • Fernando Andacht

DOI:

https://doi.org/10.29146/eco-pos.v6i2.1130

Resumo

Tudo começa com algo que não é um simulacro, nem uma notícia, nemuma construção social do nada, senão a pura e cega irrupção disso que resiste toda indiferença, de algo que colide frontalmente contra a completa inocência, contra a plácida e distraída normalidade coletiva de uma manhã qualquer. Refiro-me ao selvagem episódio do 11 de setembro de 2001, na cidade de Nova York. Sem dúvida, são incontáveis os ângulos desde os quais podemos abordar este assunto, passados mais de dois anos do ataque terrorista com que se inaugura o novo milênio ocidental e a cruzada contra o “eixo do mal” empreendida pelo governo do país afetado por esta violência. Elejo pensá-lo desde a conjuntura dos estudos de comunicação, do assim chamado campo comunicacional. Qual é a tarefa de um especialista em comunicação, de um membro dessa área do universo acadêmico? Será que um comunicólogo tem como função primordial averiguar com exatidão quantos olharam a imagem que se reiterou até a exaustão, durante esse dia interminável e os seguintes? Ou, pelo contrário, será a missão deste estudioso chegado um pouco tarde ao banquete das ciências sociais, dedicar-se a formular juízos categóricos, muito amplos, de vocação filosófica sobre o que implica a notícia deste evento para o mundo globalizado, para os governos e para os governados? Acaso deve encarregar-se este especialista de indagar sobre o que este acontecimento nos diz sobre as empresas de comunicação e sobre seu uso,
manejo e o aproveitamento dessa informação tão atraente pelo seu poder revulsivo, como pelo seu efeito instrutivo, quase alegórico, em relação ao maior poder material nunca antes conseguido na terra e aos seus sangrentos limites? Este é um aspecto de minha abordagem: o que fazer com esse episodio brutal, enquanto feroz e enquanto real, inegável, muito além do que se opine ou se reflita sobre ele, desde esse particular lugar da reflexão e da escritura que se denomina a(s) ciência(s) da comunicação.

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Publicado

07-06-2009

Como Citar

Andacht, F. (2009). Sobre nossa paixão indicial de cada dia: entre o reality show e a imagem delatora. Revista Eco-Pós, 6(2). https://doi.org/10.29146/eco-pos.v6i2.1130