Como insurgir no acontecimento pelas imagens: notas sobre uma modalidade de regime estético

Autores

  • Roberta Oliveira Veiga Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
  • Paula de Souza Kimo UFMG

DOI:

https://doi.org/10.29146/eco-pos.v20i2.10688

Resumo

Produzidas no ato de disputas coletivas, como os protestos de rua, em que o corpo que filma, o documentarista, é também manifestante, as imagens insurgentes apontam para um modo de estar no acontecimento. Mapeando traços comuns a elas questiona-se em que medida é possível falar de uma modalidade de regime estético no qual a imagem não é resultante, mas constituinte do acontecimento político. Apostamos que tal modalidade estética nasce da vontade de visibilidade que extrapola o mero registro e se configura como um instrumento próprio da ação política que é fruto de um empenho corporal. Se o acontecimento, como um campo de forças, constrange os corpos, ele o faz também pela presença do corpo-câmera que, ao produzir imagens, cria um empuxo que modula ações e gesta movimentos. Para encontrar essa dimensão performativa das imagens insurgentes onde acontecimento e visibilidade se interpenetram, além da construção teórica, analisamos o curta-metragem Na missão, com Kadu (2016).

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Biografia do Autor

Roberta Oliveira Veiga, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Professora Doutora do Departamento de Comunicação Social da UFMG, Professora do PPGCOM-UFMG;

Secretária Acadêmica da SOCINE;

Editora da Revista Devires-Cinema e Humanidades;

Integrante do Comitê Científico do FORUMDOC-BH;

Pesquisadora do Grupo de Pesquisa Poéticas da Experiência (UFMG).

Paula de Souza Kimo, UFMG

Mestre em Comunicação Social na linha de pesquisa Pragmáticas da Imagem do Programa de Pós Graduação em Comunicação Social da Universidade Federal de Minas Gerais. Integrante do Grupo de Pesquisa Poéticas da Experiência do PPGCOM-UFMG.

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Publicado

14-09-2017

Como Citar

Veiga, R. O., & Kimo, P. de S. (2017). Como insurgir no acontecimento pelas imagens: notas sobre uma modalidade de regime estético. Revista Eco-Pós, 20(2), 32–52. https://doi.org/10.29146/eco-pos.v20i2.10688