Fotografar a Catástrofe

Autores

  • Abigail Solomon-Godeau

DOI:

https://doi.org/10.29146/eco-pos.v14i2.1207

Resumo

Num nível puramente lógico, poderíamos arriscar a dizer que há uma inadequação fundamental entre a fotografia e a catástrofe compreendida enquanto calamidade e desastre, seja natural (terremoto, seca, tsunami, por exemplo) ou produzida por seres humanos (guerra e genocídio). De variada duração, a catástrofe é um evento real ou uma série de eventos no tempo. Já a fotografia é uma tecnologia imagética, uma forma particular de representação que, diversamente das outras tecnologias modernas da imagem como o cinema ou o vídeo, registra um intervalo de tempo que é da ordem do instante. A catástrofe significa a morte e os sofrimentos de seres humanos em grande escala. Inversamente, independentemente da cena específica que ocorre frente a ela, a câmera fotográfica é estritamente delimitada pelo retângulo do visor e apenas produz---- uma imagem. Conforme apontado por muitos teóricos e críticos deste modo de representação, a foto não possui capacidade de explicação ou de análise e nem delimita causalidades já que seus significados são mais ou menos contingentes aos seus variados usos, contextos e contingências. A busca das causas ou das razões não está dentre suas atribuições. Sua significação se baseia na sua utilização, e esta utilização é condicionada por seu contexto.

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Como Citar

Solomon-Godeau, A. (2014). Fotografar a Catástrofe. Revista Eco-Pós, 14(2), 86–96. https://doi.org/10.29146/eco-pos.v14i2.1207