Dissimulações do passado como presente: apelos de sobrevivência da fotografia

Autores

  • Michel de Oliveira Universidade Federal do Rio Grande do Sul
  • Paulo Cesar Boni Universidade Estadual de Londrina

DOI:

https://doi.org/10.29146/eco-pos.v20i2.10620

Resumo

Este breve estudo analisa algumas implicações do processo de digitalização de fotografias analógicas e sua circulação na internet. A ideia inicial era a de que, ao serem apropriados em outro contexto, esses registros passavam por um processo de presentificação, desvalorizando o passado da fotografia. No entanto, a partir de um segundo olhar, foi possível perceber que a fotografia é manipulada e atualizada como forma de garantir sua perpetuação. Esse anseio de sobrevivência faz o passado ser dissimulado como presente e, em vez de presentificação, estabelece uma cultura do passado-presente (Huyssen, 2012), caracterizada pela desvalorização do presente que, no âmbito da sociedade do consumo e da mediação técnica, desencadeia no imediatismo: o presente sem presença.

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Biografia do Autor

Michel de Oliveira, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Doutorando em Comunicação e Informação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Mestre em Comunicação e especialista em Fotografia: Práxis e Discurso pela Universidade Estadual de Londrina (UEL).

Paulo Cesar Boni, Universidade Estadual de Londrina

Doutor e pós-doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo (USP). Professor e pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Estadual de Londrina (UEL), onde lidera o grupo de pesquisa Comunicação e História.

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Publicado

14-09-2017

Como Citar

Oliveira, M. de, & Boni, P. C. (2017). Dissimulações do passado como presente: apelos de sobrevivência da fotografia. Revista Eco-Pós, 20(2), 161–180. https://doi.org/10.29146/eco-pos.v20i2.10620