@article{Wagner_2016, title={Mestre de cerimônias - Parte 1}, volume={19}, url={https://revistaecopos.eco.ufrj.br/eco_pos/article/view/5425}, DOI={10.29146/eco-pos.v19i3.5425}, abstractNote={<div class="page" title="Page 3"><div class="layoutArea"><div class="column"><p><span>Ao editar o dossieÌ‚ “Cultura Pop” na revista Eco-Pós e diante da seção Portfó- lio, resolvi convidar a artista Bárbara Wagner para compartilhar suas foto- grafias da série “Mestres de CerimoÌ‚nia” com um duplo propósito: sublinhar<br /> a corporalidade da música brega de Pernambuco, a partir do que podemos chamar de “corpo periférico pop” e também pensar um certo olhar pop, ultra-estético, da pose e dos processos de celebrificação a partir dos regis- tros da artista. Este duplo movimento que o trabalho de Bárbara Wagner traduz parece evidenciar formas culturais que ignoram centros e margens, epicentros e periferias. O que os MCs do brega parecem fazer é tornar visível a linha turva entre a fabulação pop e a rasura do corpo subalterno. Os limites pouco definidos entre o documento e a ficção. Ou as ficções que habitam os corpos e suas performances. </span></p><p><span>Onde estão hegemonia e contra-hegemonia? No campo da cultura -- do brega, do funk -- elas estão em movimento. “A ideia de cultura vai permitir aÌ€ burguesia cindir a história e as práticas sociais -- moderno/atrasado, nobre/ vulgar” (MARTÍN-BARBERO, 2003, p. 146) Numa leitura de Hobsbawn es- miuçando ainda mais a luta de classes, Martín-Barbero questiona a razão instrumental e excludente que há em negar matrizes culturais não-domi- nantes. A partir de então, questões como “beleza”, “feiúra”, “estranhamento” são acionadas como formas de afastamento de expressões culturais de um certo caÌ‚none. Em seu “Exercícios do Ver” (2001), Martín-Barbero é ainda mais incisivo em pensar estéticas hegemoÌ‚nicas no campo do audiovisual e o caráter elitista e excludente que constroem certas ideias em torno da fuga da norma. “Confundindo iletrado com inculto, as elites ilustradas, desde </span></p><p><span>o século XVIII, ao tempo que afirmavam o povo na política, o negavam na cultura, fazendo da incultura o traço intrínseco que configurava a identidade dos setores populares e o insulto com que tapavam sua interessada incapa- cidade de aceitar que, nesses setores, pudesse haver experieÌ‚ncias e matri- zes de outra cultura” (MARTÍN-BARBERO, 2001, p. 24) </span></p></div></div></div><div class="page" title="Page 4"><div class="layoutArea"><div class="column"><p><span>É portanto, na luta por se fazer e se posicionar perto do caÌ‚none da cul- tura pop, que artistas do brega elaboram performances em que reen- cenam clicheÌ‚s midiáticos. A ideia de glamour estaria na chave de com- preensão das disputas estéticas que parecem permear o universo da música brega. Na negação ao princípio de “boa música”, de ideias em torno da qualidade, o brega tenta emular estéticas hegemoÌ‚nicas e con- sagradas midiaticamente como tentativa de legitimação e reconfigura- ção de seu lugar nas práticas culturais. </span></p></div></div></div>}, number={3}, journal={Revista Eco-Pós}, author={Wagner, Bárbara}, year={2016}, month={dez.} }